Código de barras ameaça o reinado do talão de rotativo em Belo Horizonte

Letícia Alves - Hoje em Dia
25/11/2014 às 07:34.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:09
 (FOTOS JÚLIO FIGUEIREDO / DIVULGAÇÃO)

(FOTOS JÚLIO FIGUEIREDO / DIVULGAÇÃO)

As negociações para a escolha da tecnologia que irá substituir os talões de papel do Estacionamento Rotativo de Belo Horizonte estão avançadas. Tudo indica que o sistema a ser implantado é o de código de barras, colado nos para-brisas dos veículos. O adesivo já está em uso em Visconde do Rio Branco, na Zona Mata. 

Na capital, a expectativa é a de que o novo rotativo seja implantado até 2016. A TI.MOB Tecnologia e Mobilidade, empresa responsável pelo sistema, informou ter participado recentemente de quatro reuniões, consideradas “bem-sucedidas”, com a BHTrans, que já havia anunciado, no início do mês, que adotará um mecanismo digital. A Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte preferiu não se posicionar sobre as vantagens da tecnologia oferecida pela TI.MOB.

Um projeto enviado pelo prefeito Marcio Lacerda, neste mês, para a Câmara Municipal, que prevê a privatização do rotativo, é outro indício da possível mudança. Mesmo sem exigir uma tecnologia digital, o projeto determina a concessão, por meio de licitação, o que permitiria a exploração comercial do sistema, como os adesivos com código de barras.

PARQUÍMETRO

Outras tecnologias, como o parquímetro – já utilizado em Contagem e em Nova Lima (RMBH) – também deverão ser avaliadas, mas saem perdendo pelo valor mais alto de implantação.

Levando-se em conta os gastos de operaciona-lização e compra de equipamentos, o parquímetro custa, em média, R$ 1.000 por vaga. O valor inclui a instalação de um equipamento nas calçadas para realização da leitura do tempo de permanência na vaga. Já o sistema de código de barras sai a R$ 100, em média, por vaga, incluindo os leitores dos códigos de barra de uso dos fiscais.

A instalação do sistema ainda pode sair com custo zero, caso o município opte pelo rateamento dos lucros, ou seja, uma parte dos valores arrecadados no rotativo fica com a prefeitura e outro com a empresa. Em Visconde do Rio Branco, essa proporção fica em 75% para a empresa e 25% para o município. Lá, a hora custa R$ 1 e, até o momento, a avaliação da tecnologia é positiva.

COMO FUNCIONA

O usuário cadastra a placa do veículo em um ponto de venda e recebe um código de barras impresso em adesivo, que é colado no para-brisa.

Ao estacionar, o motorista envia uma mensagem de texto (SMS) gratuita pelo celular para ativar os créditos. Quando deixa a vaga, envia outra mensagem para interromper a cobrança. A fiscalização é feita com leitores de códigos de barra, em tablets ou smartphones.

O sistema utiliza a mesma rede de venda de crédito para celular para recarregar o código de barras. Atualmente, há 5 mil pontos cadastrados em Belo Horizonte. “A diferença é que, ao invés de digitar o seu número de celular, você digita a placa do carro”, explica um dos sócios da TI.Mob, Júlio Figueiredo. Ainda é possível comprar créditos pela internet.

 

Redução de fraudes e problemas com o talão

Independentemente da tecnologia escolhida para a capital, a informati-zação do rotativo deve pôr fim a alguns problemas crônicos, como a dificuldade de encontrar pontos de venda da folha, fraudes no talão e o mercado paralelo mantido por flanelinhas e lavadores de carro.

O guardador de veículos André Luiz Alves, de 35 anos, cobra de R$ 1 a R$ 1,20 a mais pela folha de rotativo. Segundo ele, se o sistema for trocado para o digital, as perdas não serão significativas, já que os maiores ganhos são na lavagem de carros. Por dia, ele tira em média R$ 8 a R$ 10 no rotativo enquanto a limpeza rende até R$ 150.

Mesmo com o pequeno valor informado pelo guardador, o administrador Bruno Dieguez já pagou até R$ 10 pela folha, que custa R$ 3,40. “É difícil. Nem sempre a gente encontra para comprar. Agora mesmo, tenho que ir ali correndo para não pagar caro”, contou. Ele avalia bem a possível mudança para o rotativo digital.

O também administrador, Antônio Carlos Ribeiro, de 51 anos, não importa em pagar mais caro na folha do rotativo e não aprova a alteração. “Isso é uma questão social, pois, assim, ajudamos os guardadores. Não acho correta essa mudança. É priorizar a máquina em detrimento das pessoas”, apontou.

 

Sensor pode diminuir número de fiscais

Futuramente, o rotativo com código de barras pode ser aperfeiçoado e reduzir a necessidade de fiscais nas ruas, por meio da instalação de sensores no asfalto.

O sistema irá funcionar por meio de ondas de radio-frequência, que irão identificar remotamente quais carros não estão com crédito. Os dados serão envidados para uma central. “Os fiscais poderão agir apenas em caso de inconformidade”, destacou um dos sócios da TI.Mob, Júlio Figueiredo.

Em Patrocínio, no Alto Paranaíba, uma tecnologia semelhante foi instalada em 1.876 vagas rotativas, este ano. Um sensor no piso detecta a presença do carro e ativa o parquímetro correspondente à vaga ocupada. O condutor tem 3 minutos para efetuar o pagamento por meio do equipamento instalado na calçada. É possível utilizar moeda, cartão ou talão pré-pago, telefone celular e convencional, site ou aplicativo em smartphone. Caso não haja o pagamento, o equipamento envia um alerta para o fiscal mais próximo.

O sistema negociado pela TI.MOB é parecido com o de Patrocínio, com a diferença de conseguir identificar até mesmo a placa do carro estacionado na vaga e, ao invés de uma máquina na calçada, usar apenas um adesivo. Uma parceria com uma empresa japonesa está em negociação para implantação da tecnologia.

 

Parquímetro é opção

- Em Contagem, o parquímetro funciona desde 2008 e conta com 7.601 vagas. Para utilizar, é preciso comprar um chaveiro para inserir créditos em pontos de vendas. Em seguida, ativar a vaga com uso do chaveiro e desativar ao sair. Uma das reclamações dos usuários é a dificuldade em encontrar locais para recarga. Outro problema é o vandalismo dos equipamentos, que são instalados nas calçadas. À noite, os parquímetros são fechados para evitar a depredação.

- Em Nova Lima, o mesmo sistema foi implantado em 2010 e possui 860 vagas, sendo 500 no Centro e 360 no Vila da Serra. Na cidade, é preciso inserir moedas em uma espécie de totem e selecionar o tempo desejado. As vagas de rotativo são numeradas.
 

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