Campanha faz população virar 'carranca' para defender o rio São Francisco

Juliana Baeta
17/05/2019 às 16:03.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:42
 (Ricardo Botelho/ CBHRSF)

(Ricardo Botelho/ CBHRSF)

A sexta edição da Campanha "Eu viro carranca para defender o Velho Chico", que coincide com o Dia Nacional em Defesa do Velho Chico, celebrado no dia 3 de junho, nunca foi tão urgente. Aos 113 dias desde o rompimento da barragem em Brumadinho, o rio São Francisco, que tem como um de seus principais afluentes o rio Paraopeba, degradado pela lama, ainda está ameaçado. 

É na usina de Três Marias, primeiro embarramento do Velho Chico, que as águas sujas de lama do Paraopeba desaguam. Mas graças a uma operação de contenção na Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo, entre os municípios de Curvelo e Pompéu, montada no fim de janeiro para "segurar" a lama, foi possível poupar o São Francisco. A proteção, no entanto, não é vitalícia. 

"A nossa reivindicação é para que as análises da água em Três Marias sejam feitas no médio e longo prazo, para avaliar como os metais pesados da lama de rejeitos se comportariam no São Francisco", explica o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco (CBHRSF), Anivaldo Miranda. 

Mas para além da lama, o Velho Chico já tem um histórico de degradação mesmo antes do rompimento da barragem. A revitalização completa do rio depende de pelo menos R$ 31 bilhões em recursos para que toda a sua bacia seja recuperada até o ano de 2025, segundo o vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco (CBHRSF), José Maciel Oliveira. Esta verba seria oriunda da União, dos Estados banhados pela bacia e do próprio comitê. 

E é na tentativa de sensibilizar a população e pressionar o poder público para a captação necessária dos recursos, que o CBHRSF encabeça a campanha "Eu viro carranca para defender o Velho Chico", que teve a sua sexta edição lançada nesta sexta-feira (17) em Brasília.

A própria imagem da campanha, uma carranca, figura popular entre as comunidades ribeirinhas e sertanejos, é um apelo para gerar identificação na população e fazer com que os moradores tomem para si a defesa do rio. 

Reza a lenda que os maus espíritos e monstros que habitam as águas do São Francisco eram afastados por navegadores que colocavam nas proas de suas embarcações as carrancas. Com a campanha, elas passam, então, a serem usadas para espantar a má gestão dos recursos hídricos e afastar os agentes de degradação ambiental. 

No dia 3 de junho, Dia Nacional em Defesa do Velho Chico, ações culturais e de conscientização serão desenvolvidas em cidades das quatro regiões fisiográficas da Bacia: Três Marias (MG), que contempla o Alto São Francisco, Bom Jesus da Lapa (BA) representando o médio São Francisco, Juazeiro (BA), situado no Submédio São Francisco, e Pão de Açúcar (AL), no Baixo São Francisco.

A mobilização acontece também nas redes sociais, por meio da hashtag #virecarranca e o uso da identidade visual da campanha, como as máscaras de carrancas, que podem ser baixadas na página virecarranca.com.br.

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