Capoeira pode virar Patrimônio da Humanidade

Gabriela Sales - Hoje em Dia
25/11/2014 às 07:28.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:09
 (Samuel Costa/Arquivo Hoje em Dia)

(Samuel Costa/Arquivo Hoje em Dia)

A capoeira, um dos símbolos culturais do país que mistura arte marcial, música e dança, pode ganhar reconhecimento internacional. Nesta quarta-feira (26), a Unesco pode declarar a modalidade esportiva como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O título está sendo discutido durante a 9ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda, que acontece em Paris, na França.   No Brasil, a capoeira já é reconhecida como Patrimônio Nacional, desde 2008, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).   Em Minas   No Estado, 437 municípios possuem grupos ou mestres em capoeira, segundo o Iphan. “O processo de reconhecimento cria uma agenda de planejamento, o que possibilita ações para a salvaguarda da capoeira”, explica a antropóloga e técnica do instituto, Vanilza Rodrigues.   Com o objetivo de ampliar as discussões sobre a modalidade, foi criado o Conselho de Mestres da Capoeira (Comcap), no ano passado, em Minas. “Nosso objetivo é a criação de políticas públicas que possibilitem a ampliação da capoeira no Estado”, diz o membro do Comcap, Weverton Maurício Ribeiro, o mestre Legalzinho.   valorização Para os capoeiristas, o reconhecimento simboliza o fortalecimento da identidade cultural. “A capoeira é mais que uma modalidade esportiva. É uma dança, uma luta, um jogo e a cultura de um povo”, avalia o mestre em capoeira Antônio Dias Neto.   Há 30 anos praticando a modalidade esportiva, Dias acredita que o novo título irá difundir a cultura por todo o mundo. “A capoeira está em mais de 160 países, divulgando nossa língua e nossa arte. Além da questão social em que é o tema é abordado”, destaca.   Ampliar a área de conhecimento sobre esse esporte também é considerado positivo. “A capoeira é uma prática cultural afro-brasileira. Cada mestre possui conhecimentos e isso precisa ser valorizado e preservado”, aponta o capoeirista José Agostinho Pessoa da Silva, o mestre Agostinho.   No Brasil, o reconhecimento como Patrimônio Cultural levou à criação de ações que beneficiam a comunidade capoeirística. Entre elas, estão um plano de previdência especial para os velhos mestres, o estabelecimento de um programa de incentivo dessa manifestação no mundo, a criação de um Centro Nacional de Referência da Capoeira e o plano de manejo da biriba – madeira utilizada na fabricação do berimbau, além de outros recursos. “Não queremos tornar a capoeira uma profissão regulamentada, mas sim acessível a todos, respeitando diferenças e particularidades. A cultura precisa ser preservada na essência”, reforça o mestre Legalzinho.   O que é patrimônio imaterial?   Entende-se por patrimônio cultural imaterial, representações da cultura brasileira. Estão inclusos as práticas, as formas de ver e pensar o mundo, as cerimônias (festejos e rituais religiosos), as danças, as músicas, as lendas e os contos, a história, as brincadeiras, os modos de fazer (comidas, artesanato, etc) e os instrumentos.   Consideram-se, também, objetos e lugares cuja tradição é transmitida de geração em geração pelas comunidades brasileiras.   Com a inclusão da capoeira, já existem 14 bens culturais registrados no Brasil.   Desde 2008, o Iphan reconhece o ofício dos mestres e a roda de capoeira como Patrimônio Nacional.

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