Chuva de pétalas de rosas, missas e saudades marcam Dia de Finados em BH

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
02/11/2017 às 18:28.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:31
 (Pedro Gontijo/Hoje em Dia)

(Pedro Gontijo/Hoje em Dia)

Chuva de pétalas de rosas, missas e muita saudade marcaram as celebrações do Dia de Finados, ontem, em Belo Horizonte. Cemitérios da cidade ficaram lotados. Milhares de pessoas circularam pelas necrópoles para rezar por um ente querido ou lucrar com a data, lavando túmulos, vendendo flores, comida e até planos funerários. 

Segundo a Fundação de Parques Municipais, cerca de cem mil pessoas passaram pelos quatro cemitérios públicos da capital – da Paz, Saudade, Consolação e Bonfim – nesse que é considerado o Dia dos Mortos.

O mais tradicional de BH, o Bonfim, na região Noroeste, recebeu pelo menos 20 mil visitantes. Dentre eles estavam os irmãos Gilberto Batista de Melo, de 55 anos, e Expedito Batista de Melo, de 40, que prestaram homenagens ao pai, ritual que fazem há uma década. Emocionado, Expedito contou que sempre revive a dor da perda ao entrar no local. “É muito difícil. Passa um filme na nossa cabeça”.

Já Lúcia Tacchi da Cunha, de 70 anos, não continha as lágrimas enquanto uma zeladora limpava o túmulo do filho, morto há apenas dois anos. “Parece que eu estou vendo ele ali”, lamentou.

Histórias

Há quem garanta já ter conversado com mortos enterrados naquele cemitério. É o caso de Maria de Lourdes da Silva Serafim, de 64 anos, que trabalha como zeladora no Bonfim há 22. “Na quadra 13, um senhor que usava bengala pediu que eu limpasse um túmulo. Ele me disse que a filha dele acertaria comigo mais tarde”, conta. 

Quando a jovem chegou, viu o jazigo limpo e questionou quem tinha contratado o serviço. Veio a surpresa. “Eu descrevi o senhor e ela me mostrou uma foto. Foi aí que descobri que ele estava enterrado ali e tinha conversado comigo”, relembra a funcionária.

Abaixo do esperado

A limpeza dos túmulos na necrópole tem sofrido uma grande concorrência. Com o trabalho dos ‘informais’, Maria de Lourdes conta que está lucrando cada vez menos com o serviço. Ontem, segundo ela, limpou apenas uma sepultura. Em anos anteriores, chegou a lavar 30 no Dia de Finados.

Os ‘garrafeiros’, como são chamados os informais, pedem de R$ 10 a R$ 15 pelo serviço enquanto zeladores oficiais cobram R$ 120. Um adolescente que se identificou apenas como Kauã, de 14 anos, é um dos que tentaram uma renda com o trabalho. “Vou comprar um chinelo com o que juntar aqui”.

Mas o movimento não agradou quem estava em busca de lucrar um extra na data. “Limpei pouco túmulo. Achei o cemitério mais vazio e tem mais gente trabalhando”, frisou Dienifer Kenely Alves, de 25 anos. 

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