Conselho Tutelar de BH: conheça os perfis dos candidatos mais votados em cada regional

Daniele Franco
09/10/2019 às 14:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:07
 (Reprodução/Facebook)

(Reprodução/Facebook)

As eleições para o cargo de conselheiro tutelar, realizadas no último domingo em todo o país, registraram votação recorde em Belo Horizonte, segundo a Prefeitura da capital. Em 2019, o número de eleitores que compareceram às unidades de votação foi 46% maior na comparação com 2015, quando foi realizado o primeiro pleito para o cargo.

BH elegeu 45 conselheiros, cinco para cada uma das nove regionais. Cada um deles vai ter como missão assegurar o direito de crianças e adolescentes, observando os princípios estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Segundo a PBH, o salário para 44 horas semanais, com possibilidade de plantão à noite e fim de semana, é de R$ 3.775,00.

Assim como aconteceu nas últimas eleições gerais e municipais, as redes sociais serviram como plataforma para campanhas relacionadas à eleição para o conselho. Páginas de Facebook e Instagram, por exemplo, traziam desde campanhas individuais dos candidatos a postagens com o objetivo de conscientizar sobre o papel do conselheiro tutelar para a sociedade.

Embora o resultado oficial e a nomeação ainda não tenham sido divulgados, todas as nove regionais de BH já conhecem os cinco candidatos mais votados para o cargo. O Hoje em Dia conversou com cinco dos nove campeões de votos e analisou redes sociais de duas delas. As candidatas Priscila Pereira Alves, do Barreiro, e Marina de Freitas, de Venda Nova, não retornaram o contato da reportagem, mas o espaço continua aberto caso elas queiram participar. Confira um pouco sobre cada um deles (ordenados por ordem de número de votos, do maior para o menor).

 Leste - Álida Costa - 839 votosReprodução/Facebook 

A regional Leste foi a que teve mais votos registrados: 5.676. Álida Costa conseguiu 839, 14,78%. À reportagem, a candidata disse que vai trabalhar para colocar em prática a principal bandeira de campanha: a inclusão. Álida tem 30 anos, é pedagoga e já trabalhou por muito tempo com educação de crianças especiais. "Avancei muito na pesquisa do diagnóstico de transtornos como Autismo, Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e pretendo trabalhar diretamente com a escola, de onde se iniciam a maioria desses diagnósticos". 

Para ela, a aproximação entre conselheiros tutelares e escolas é fundamental e é a forma mais eficaz de identificar as necessidades de crianças e adolescentes. "Os profissionais de educação estão mais próximos deles, e a interlocução com o conselho é essencial para garantir cada vez mais que os direitos de crianças e adolescentes sejam preservados", completou.

 Centro-Sul - Juliana Celestino - 806 votosReprodução/Facebook / N/A

Se considerada a votação percentual, Ju Celestino foi a vice-líder de votação na cidade. Dos 5.288 votos registrados na região Centro-Sul, 15,24% foram para ela. Segundo o currículo postado em seu perfil no Facebook, durante a campanha, Ju tem formação em Educação e Comunicação e trabalha como fotógrafa. No meio social, a candidata já trabalhou como educadora social no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) e relata uma experiência de mais de 19 mil horas em projetos sociais em prol de crianças e adolescentes. A intenção de Ju, segundo ela, é fortalecer a rede de proteção de crianças na regional.

 Oeste - Maxwell Dudu - 638 votosReprodução/Facebook 

Com 28 anos e na metade de sua formação em psicologia, Maxwell Aparecido Miguel Junior, ou Maxwell Dudu, teve como principal bandeira de campanha a defesa da família. O jovem foi o mais votado da região Oeste, com 11,61% dos votos registrados, 638 de 5.497. À reportagem, Maxwell afirmou considerar pequeno o mandato de quatro anos, mas espera trabalhar dentro deles com zelo e responsabilidade para garantir o cumprimento do estabelecido pelo ECA.

"Quero ouvir crianças, pais, professores e toda a sociedade e, através da identificação das necessidades de cada um, atuar junto aos órgãos competentes e ajudar na elaboração de políticas públicas para o atendimento de crianças e adolescentes", detalhou. O jovem é morador do bairro Nova Cintra e atua há anos com projetos sociais na região. Em sua campanha, Maxwell se orgulha de ter batido de porta em porta na comunidade e ter levado à população o conhecimento sobre a importância da atuação do Conselho Tutelar.

 Nordeste - Surya Noara - 544 votosReprodução/Facebook

Esta é a segunda eleição vitoriosa de Surya, que atua como conselheira tutelar desde 2016 e, em 2015, foi a mais votada de Belo Horizonte. Aos 45 anos, é formada em Serviço Social e Direito e a experiência na atuação social vem de antes da entrada no Conselho, com mais de 20 anos entre projetos de acolhimento, esportes e ressocialização de crianças e adolescentes. 

Em seu segundo mandato, se oficializado, Surya pretende continuar a atuar de forma humanizada e levar cada vez mais o conhecimento sobre a atuação do conselho tutelar para a sociedade. "Sinto que a comunidade está muito disposta a saber sobre o que faz o conselho tutelar, a participar dos processos de escolha, e isso pode ser visto no número de votantes neste ano", comentou. Nos primeiros quatro anos no cargo, a conselheira criou um programa para levar o Conselho às escolas, o Conselho Tutelar Itinerante, que cumpre o papel de orientação previsto no ECA.

 Norte - Laurinda Jesus - 451 votosReprodução/Facebook 

Laurinda Aparecida de Jesus, conhecida em sua comunidade como Laurinda Jesus, conta que o trabalho social de anos no Jardim Felicidade foi o principal motivo da confiança dos 451 eleitores que escolheram seu nome para ser conselheira tutelar na regional Norte. Aos 52 anos, ela atua de forma voluntária em uma creche e presidiu por 13 anos a Associação Comunitária do Bairro da Felicidade. "Acredito que minha proximidade com as famílias, com as escolas e com a comunidade no geral vai ser muito importante para entender cada demanda, e o trabalho de ajudar que eu já faço no bairro vai poder ser expandido para outros locais através do cargo de conselheira tutelar", declarou.

A candidata mais votada na regional Norte é formada em Teologia e pós-graduada em Psicologia Clínica e Social e Educacional. Apesar do maior número de votos, Laurinda pondera que a oficialização ainda não saiu, mas já se prepara para trabalhar arduamente na garantia dos direitos previstos no ECA. "Minha bandeira é essa, são as crianças e adolescentes, é ouvir, investigar e levar aos órgãos competentes as demandas para que as situações sejam resolvidas", afirmou.

 Pampulha - Mônica Maria Neves Santos - 441 votosArquivo pessoal 

Mais do que resolver as demandas naturais de um conselheiro tutelar, a candidata mais votada na Pampulha, Mônica Santos, de 43 anos, espera exercer a função com o máximo respeito ao ser humano, dando o seu melhor.

Pedagoga com mais de 20 anos de experiência, Mônica ganhou a confiança de 441 pessoas, que votaram em seu nome para o cargo. "Família, amor, respeito, justiça e honestidade são minhas bandeiras", detalhou.

A pedagoga conta ter ficado surpresa com o primeiro lugar. Sua campanha foi baseada no contato mais próximo, boca a boca, com amigos, familiares e membros da comunidade, divulgando o compromisso com a garantia dos direitos de crianças e adolescentes.

 Noroeste - Laura Moreira - 430 votosReprodução/Facebook 

Segundo uma publicação em seu perfil no Facebook, a candidata mais votada na região Noroeste é estudante de Pedagogia e nasceu na comunidade de Pedreira Prado Lopes, onde vive até hoje. Laura atua como auxiliar de apoio ao educando e coordenadora do Programa Escola Aberta (PEA). Sua atuação como conselheira será com o intuito de aproximar o Conselho Tutelar das comunidades, famílias e escolas.

 Ping-pong

A reportagem escolheu cinco tópicos e perguntou aos entrevistados a opinião de cada um sobre o assunto e como eles atuariam nos respectivos sentidos caso o mandato seja homologado. Confira as respostas:

 Educação

Álida Costa - "A base. Pela minha experiência, a educação é uma via de mão dupla, e através do trabalho dentro das escolas podemos contar com a visão mais próxima do profissional que atua ali".

Maxwell Dudu - "A educação é de extrema importância para formar excelentes cidadãos, e pode ter certeza de que como conselheiro estarei com o olhar bem clínico, bem atento, pra poder cada dia mais proporconar o direito de crianças e adolescentes a ela, sempre em diálogo com famílias, escolas e sociedade".

Surya Noara - "Acredito na educação como principal instrumento de transformação da sociedade e, como membro do Conselho Tutelar, o principal é apostar, apoiar e acreditar nela como tal. O próprio Conselho Tutelar Itinerante é uma forma de trazer o conselho para perto da educação e, além de orientação aos alunos, ouvir os profissionais da área também".

Laurinda Jesus - "Tenho a intenção de trabalhar com as escolas no sentido de falar com as crianças sobre direitos e deveres através de palestras e oficinas, levando o ECA para as instituições".

 Diversidade

Álida Costa - "É uma pauta progressista, que, com a participação do Conselho Tutelar nas escolas, podemos atuar na prevenção de violências no geral contra crianças".

Maxwell Dudu - Não respondeu.

Surya Noara - "Temos que tratar com muito respeito a diversidade. Temos que respeitar todos os tipos de pessoas, todas as realidades. Um conselheiro tutelar não pode ter nenhum tipo de prenconceito, não pode usar sua fé ou sua visão de mundo, mas sim a empatia para ver que cada um tem sua história, sua vivência".

Laurinda Jesus - "Não olho diversidade, olho o cidadão, se a pessoa chegar para mim, eu olho o cidadao. Meu dever é analisar a realidade de cada um dentro do direito dela, quero ver a pessoa independente de quem ela seja, meu olhar será para um ser humano".

 

Saúde

Álida Costa - "Participação".

Maxwell Dudu - "Sabemos que o assunto é complicado no Brasil, principalmente no SUS, mas dentro das atribuições pretendo trabalhar para garantir que os pais vacinem seus filhos, que hospitais mantenham vagas para crianças e acompanhantes de vítimas de qualquer tipo de violência e que entidades de internação mantenham seus quadros médicos para atender adolescentes privados de liberdade. Quero também me aproximar de centros de saúde para conhecer as necessidades e chegarmos ao melhor jeito de cuidarmos da saúde das nossas crianças".

Surya Noara - "Saúde é tudo o que a sociedade precisa, então quero trabalhar em parceria na aquisição de recursos e formação de políticas públicas. Um papel importante do Conselho Tutelar é informar às secretarias de saúde sobre o aumento da demanda de medicamentos, por exemplo. Outro trabalho essencial é a orientação sobre a vacinação. Se uma família, por exemplo, por questões religiosas talvez não vacina os filhos, o conselheiro atua no aconselhamento e conscientização da obrigatoriedade da vacina".

Laurinda Jesus - "Pensar juntamente e trabalhar de acordo com o que chegar, olhar o que falta, o que pode melhorar, participar de conferências, de reuniões, e ver no dia a dia o que pode fazer para ajudar a melhorar a saúde das crianças da comunidade".

 

Segurança

Álida Costa - "De casa, pra escola e com a comunidade".

Maxwell Dudu - Não respondeu.

Surya Noara -  "O conselho não tem abordagem na rua, mas nosso trabalho acolhe casos trazidos pela Polícia, pela Guarda Municipal e somos preparados para receber essas crianças e adolescentes. Mas uma outra questão importante é o apoio da sociedade na denúncia de casos suspeitos. É aí que o conselho visita, apura os fatos e resolve da forma mais correta possível".

Laurinda Jesus - "Acredito que a questão de segurança é atuar junto com os órgãos competentes, conversar e chegar a formas de garantir a segurança e fazer valer no dia a dia as medidas. Tenho visto a atuação da polícia, da secretaria, mas ainda há muito o que fazer".


Lazer

Álida Costa - "Socialização e incentivo à cultura".

Maxwell Dudu - "O Conselho Tutelar normalmente solicita serviços que já existem, mas ainda é importante que o Conselho Tutelar pode requisitar algo e, se a secretaria responder que o serviço não existe, já comprova a deficiência de políticas públicas e dá ao conselho a possibilidade de atuar para que sejam criados esses serviços. Então o trabalho é ficar atento quando as crianças precisarem de acesso a atividade de lazer e solicitar o fornecimento desse direito fundamental" (sic).

Surya Noara - "O lazer é uma questão muito importante e, para o conselho, o papel é garantir o espaço da criança e do adolescente para se desenvolver de forma saudável. O lazer é ligado à cultura e, aqui na regional, até aplico medidas a famílias para participarem de sessões brincantes no centro cultural. Muitos conflitos começam pela falta de atenção e de lazer."

Laurinda Jesus - "Penso em ajudar e trabalhar também nas escolas essa questão, ouvindo o que BH pode ofertar e como podemos engajar crianças e adolescentes nesses programas."

Mônica Santos - "Todos estes tópicos (Educação, Diversidade, Saúde, Segurança e Lazer|) serão trabalhados de acordo com os acontecimentos do dia a dia, sendo que todos serão tratados com respeito e amor". 

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