Degradação e violência contrastam com cenário prestes a virar patrimônio cultural

Raquel Ramos e Renato Fonseca - Hoje em Dia
22/02/2016 às 06:19.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:31
 (Luiz Costa e Lucas Prates)

(Luiz Costa e Lucas Prates)

O foco está voltado para o conjunto arquitetônico da Pampulha, candidato a Patrimônio Cultural da Humanidade da Unesco. E a Prefeitura de Belo Horizonte não mede esforços para conquistar o título. Mas nem tudo são flores. Há outra face do cartão-postal e seu entorno que merece atenção do poder público: os efeitos da degradação do espelho d’água, da violência, da prostituição e do trânsito caótico.

Após sucessivos anúncios de limpeza e até a promessa da volta da prática de esportes náuticos, a realidade é o despejo na lagoa do esgoto de 6 mil imóveis localizados nos limites da bacia da Pampulha.

“Quem visita a igrejinha (de São Francisco) ou o museu (de Arte da Pampulha) pensa que tudo está lindo. Mas basta ir um pouco adiante para ver a real situação da água”, critica o jardineiro Gilberto de Souza. Ele se refere a uma área próxima ao zoológico, onde o mau-cheiro e o lixo acumulado nas beiradas da lagoa ofuscam a beleza de um espaço projetado para atrair turistas.

Os moradores pagam o preço pela sujeira, segundo a presidente da Associação Pró-Interesse do Bairro Bandeirantes, Adriene Arantes. “As pessoas que vivem mais perto da orla sentem o odor dentro de casa, sem contar que insetos são atraídos para cá”.

Tratamento

A Copasa garante que, aos poucos, tem solucionado o problema. Hoje, 87% do esgoto lançado na bacia da Pampulha é coletado e tratado. A meta é que chegue a 95% até o fim do ano. A limpeza da água é responsabilidade do município, que em setembro do ano passado chegou a escolher a empresa que iria tratar e cuidar da lagoa. Um mês depois, porém, a licitação foi suspensa após suspeita de irregularidades.

Segundo a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, cerca de R$ 30 milhões serão investidos no serviço, que viabilizará “o atingimento de metas de qualidade”.

Risco de contágio
 
A infestação da orla por carrapatos-estrela nos últimos dois anos é outro problema. O inseto transmite a febre maculosa, doença que pode matar. “Não podemos mais fazer um passeio tranquilo na lagoa, levar os animais de estimação ou sentar no gramado. Mas esse é um drama que ninguém enxerga”, lamenta Adriene Arantes.

A Secretaria Municipal de Saúde afirma que mantém ações de vigilância na lagoa. No último monitoramento, em dezembro, foram encontrados carrapatos no local.

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