Falso cônsul nigeriano entra na lista de procurados da Interpol por sequestro de filha mineira

Daniele Franco
08/05/2019 às 18:47.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:34
 (Arquivo pessoal)

(Arquivo pessoal)

Após levar a filha de 9 anos para a Nigéria e não retornar com a criança, Michael Olusegun Akinruli, que se apresentava como cônsul do país africano, entrou na lista de procurados pela Interpol. Um mandado de prisão foi expedido contra ele na segunda-feira (6), pela Justiça de Belo Horizonte, e a Polícia Civil de Minas Gerais solicitou a inserção do nome do africano na lista de procurados internacionais.

O caso do sequestro veio à tona em fevereiro deste ano, quando a mãe da pequena Atinuke Pires Akinruli, a psicóloga mineira Laurimar Pires, de 38 anos, denunciou a ação do homem, pai da menina. De acordo com ela, Michael viajou com Atinuke graças a uma manobra judiciária que permitiu liminarmente que a menina acompanhasse o pai à Nigéria para uma viagem de férias.

"No dia 11 de janeiro ele me mandou uma mensagem comunicando que ela estava na Nigéria, e que inclusive já havia a matriculado em uma escola lá. A minha filha não é fluente em inglês, eu não sei como ela está lá, o que está fazendo, se ela está bem. Tenho uma bebezinha de 1 ano em casa que não para de perguntar sobre ela, morrendo de saudades da irmã", contou Laurimar na denúncia.

A mineira precisou viajar para o país africano para tentar resolver o caso e, de acordo com a advogada Isabel Carolina Lisboa, vem sofrendo com a morosidade da Justiça nigeriana e participou de uma audiência nesta quarta-feira (8). "Depois de duas audiências, uma sem a presença do Michael, que disse que estava com malária, e outra com a presença da Atinuke, eles decidiram que a Justiça nigeriana não tem competência pra julgar o caso, mas não apontou quem teria", disse a advogada.

Isabel contou, ainda, que na audiência na qual a menina foi levada, no dia 26 de abril, Michael se exaltou e até ameaçou bater no cônsul brasileiro em Lagos, que estava no local. A menina, de acordo com a advogada, chegou assustada ao tribunal e foi levada para conversar a sós com o juiz e a mãe não sabe o que foi dito. As duas têm se encontrado desde o dia 24 de abril, de acordo com a disponibilidade do pai.

No Brasil, o Itamaraty já havia se pronunciado ainda em fevereiro afirmando que não havia registro de que Michel Olusegun Akinruli tenha sido cônsul da Nigéria no Brasil, embora ele se apresentasse desta forma no país. 

Laurimar e Michel tinham a guarda compartilhada de Atinuke em Belo Horizonte, onde o homem vivia há cerca de 10 anos. No fim do ano passado, na véspera do recesso do judiciário, o homem conseguiu uma liminar autorizando a viagem e partiu para a Nigéria. Laurimar só ficou sabendo dias depois, quando a criança já estava fora do país. 

Pouco tempo depois, o juiz que expediu a liminar voltou atrás e expediu um pedido de cooperação internacional para o cumprimento de busca, apreensão e retorno da criança. "Determinou-se a abertura de inquérito policial para apurar a responsabilidade criminal do genitor, oficiando-se à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e à Delegacia de Polícia Federal de Belo Horizonte. Foram também comunicados o Ministério das Relações Exteriores e a Embaixada Brasileira na Nigéria", informou o Tribunal de Justiça de Minas Gerais por meio de nota.

De acordo com Isabel, Laurimar também conseguiu a guarda unilateral da criança no Brasil e espera que essa decisão ajude no processo que corre no país africano.

Com informações de Juliana Baeta

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