(Vitor Alexandre Gomes Barbosa/Divulgação)
Fiscais da Prefeitura de Belo Horizonte retiraram, na tarde desta sexta-feira (28) parte dos objetos instalados na biblioteca Casa do Saber, no bairro Nova Suíssa, região Oeste de Belo Horizonte. Antes conhecida como Casa da Árvore, o local é mantido em uma praça da avenida Barão Homem de Melo e fica aos cuidados de Kingler Douglas Rodrigues, de 43 anos.
Nesta sexta, o bibliotecário e moradores do entorno estavam indignados com a ação da prefeitura. Quando a reportagem do Hoje em Dia chegou, os fiscais e membros da Guarda Municipal estavam terminando o trabalho de remoção. Ninguém quis gravar entrevista. A Prefeitura afirmou que a ação foi para reorganizar o espaço.
Segundo as testemunhas, os servidores informaram que estavam retirando as lonas e prateleiras colocadas por Rodrigues na praça pois os itens descaracterizaram a biblioteca do projeto original construído pela prefeitura. A administração municipal ressaltou que nenhum livro foi apreendido e que as estantes foram mantidas na praça.
Em agosto de 2018, o Hoje em Dia mostrou que a prefeitura investiu cerca de R$ 55 mil na revitalização da praça, que antes abrigava uma árvore incendiada por moradores contrários ao uso do local por pessoas em situação de rua.
Apesar de PBH dizer que o coordenador do local atendeu prontamente a orientação dos fiscais, Rodrigues manifestou pesar com a ação. “Estou desolado. Tem muito livro aqui e quando chove eles molham. O que fiz foi apenas arrumar para que eles fiquem mais organizados. Para manter”, afirmou Rodrigues.
Para ele, há interesse de pessoas da região para que ele desista de cuidar da biblioteca pública, pois o espaço antes era usado como estacionamento para quem frequenta as imediações. “A prefeitura já disse que não posso usar aqui como moradia, mas já tem dois meses que não moro aqui. Vivo de aluguel. Não havia motivo para fazerem o que fizeram”, argumentou.
Na opinião dele, o espaço é suficiente para os livros, mas a prefeitura podia fazer projetos de readequação.
Triste
Moradores dos bairros Nova Suíssa e Nova Granada, que usam a biblioteca, reprovaram a forma como a questão foi tratada. Para os usuários, o espaço é um ganho para quem frequenta a região e ficou como se estivesse abandonado após o trabalho dos fiscais.
“Eu acho uma injustiça o que foi feito aqui. O espaço é bem cuidado. Muita gente troca livro aqui. Alunos de escolas vem pra cá, é um espaço de referência. A prefeitura deveria era acompanhar o trabalho e incentivar, pois a biblioteca ajuda as crianças a lerem mais”, afirmou a cozinheira Cristina Angélica, de 51 anos.
Veja o vídeo do momento da remoção do material da Casa do Saber:
“A praça ganhou vida com a biblioteca, e agora parece que está abandonada. O que não é a verdade. É uma tristeza pois quem mora aqui sabe o quanto o espaço ganhou vida com o trabalho dele”, comentou o motorista Luiz Carmo Muniz, de 38 anos.