Furtos em coletivos aumentam mais de 40% em Belo Horizonte

Raul Mariano
05/08/2019 às 19:07.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:52
 (PEDRO GONTIJO / Arquivo Hoje em Dia )

(PEDRO GONTIJO / Arquivo Hoje em Dia )

De olho em carteiras e celulares, bandidos ficam à espreita dos passageiros do transporte público de Belo Horizonte. Lançando mão do fator surpresa, os ladrões atacam principalmente no horário de pico, mas quase sempre sem deixar rastros. Prova disso, é o crescimento dos furtos dentro dos coletivos da capital.

Os crimes aumentaram 41% de janeiro a junho, frente ao mesmo período de 2018. Foram 1.828 delitos, média de dez por dia. O número é o maior dos últimos cinco anos – na comparação entre os primeiros semestres – e vai na contramão dos registros de roubos no interior dos veículos, que caíram na mesma proporção. Os dados são da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). 

Especialistas em segurança são unânimes: a distração dos usuários é um incentivo aos criminosos. “Em quase 100% dos casos, o furto é resultado de um descuido. A vítima se distrai e fica com a bolsa nas costas, ao invés de carregá-la na frente do corpo. Dentro do ônibus, isso se transforma em uma brecha”, afirma o delegado aposentado e especialista em segurança pública, Elson Matos da Costa.Lucas Prates

“Por precaução, sempre fico com a bolsa na minha frente quando estou andando de ônibus”
Vanessa Ornelas
Babá

O subinspetor da Guarda Municipal de Belo Horizonte, Sidnei Carolino, reforça que o telefone, assim como nos roubos, é o alvo preferido dos assaltantes. Ele explica que a corporação atua diretamente dentro dos coletivos, com a operação Viagem Segura. 

No entanto, como o foco da ação são as avenidas Antônio Carlos e Nossa Senhora do Carmo, o agente diz que os criminosos podem ter migrado para linhas de outros corredores da capital. “Nós já temos ciência dessa situação e há projetos para expandir a operação Viagem Segura. Isso ainda não foi feito porque não temos efetivo no momento”, destaca o subinspetor.

Precaução

O pintor José Roberto Araújo, de 48 anos, já foi vítima de bandidos dentro da linha 51, que sai do bairro Piratininga, em Venda Nova. A carteira foi retirada do bolso traseiro da calça dele. O homem só se deu conta quando chegou em casa. “Se você vacilar, eles agem. Não pode bobear”, relata.

Na rua dos Tamoios, no Centro, o clima também é de vigilância. A babá Sueli dos Santos, de 65, relata que vê furtos acontecerem quase todos os dias, dentro dos ônibus. “Tomo todas as precauções para evitar ser vítima e ainda oriento as pessoas quando percebo alguma situação suspeita. Um segundo de distração já é suficiente para ser assaltado”, diz.

PM vai reforçar patrulha para evitar “crime de oportunidade”

Em qualquer situação, o furto é um crime de oportunidade. A afirmação é do porta-voz da Polícia Militar, major Flávio Santiago. Segundo ele, o bandido sempre conta com uma brecha aberta pela própria vítima.Lucas Prates / N/A“Furtaram uma idosa do meu lado. Houve até gritaria, mas não encontraram o criminoso”
Júlio Scarpelli
Pesquisador

O oficial explica que, no dia a dia, deixar um celular sobre um balcão ou esquecer de trancar o carro são exemplos comuns de descuidos que propiciam o delito. “Quando nós apertamos o cerco ao crime violento, como os roubos, muitos acabam optando pelo crime de oportunidade. Temos a meta de controle do furto. Várias unidades têm estendido os horários de atuação e acredito que, com isso, haverá redução”.

Tecnologia

O investimento em tecnologia também é apontado como alternativa. Coronel da PM na reserva, Cláudia Romualdo explica que o monitoramento por câmeras, que já acontece em alguns ônibus, precisa ser melhorado.

“Se houvesse uma central, com acompanhamento em tempo real, haveria mais ferramentas para identificar um possível agente de furto, que, geralmente, comete mais de um crime por dia”, diz. “Até mesmo depois de sair do ônibus, ele poderia ser preso em via pública”, completa Cláudia. 

Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH) afirmou que tenta trabalhar em parceria com as forças de segurança com intuito de coibir atos de violência e que todas as ocorrências no interior de veículos e estações são encaminhadas às autoridades.

"O objetivo é contribuir para erradicar o problema garantindo maior segurança e qualidade nas viagens dos usuários", garantiu. 

 Editoria de Arte

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