Museu que homenageia Santos Dumont reabre após promessa de repasses e melhorias

Daniele Franco
17/01/2019 às 18:31.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:05
 (Fundação Casa de Cabangu/Divulgação)

(Fundação Casa de Cabangu/Divulgação)

Após fechar as portas por dois dias por falta de repasse de verbas, o Museu de Cabangu, com acervo em homenagem a Santos Dumont, na cidade de mesmo nome na Zona da Mata, reabriu nessa quarta-feira (16). A prefeitura da cidade prometeu em uma reunião realizada na terça-feira (15) começar a quitar a dívida com a coordenação do museu já na próxima semana. A chamada Casa Cabangu abriga em seu acervo cartas, fotografias, documentos, roupas e móveis que contam a história do "pai da aviação".

A Prefeitura de Santos Dumont afirmou que os valores devidos serão depositados em duas parcelas, uma de R$ 50 mil na próxima segunda-feira (20) e outra de R$ 38.253,50 no início de fevereiro.

A coordenadora da instituição, Mônica Castello Branco, se diz satisfeita com o desfecho. "Fico feliz por pelo menos poder abrir o museu novamente. Recebemos muitas ligações de pessoas tristes com a situação". Entretanto, Castello Branco pondera que "é um voto de confiança que daremos à prefeitura para que quitem a dívida com o museu, esperamos que dê tudo certo". Segundo ela, o dinheiro vai quitar as dívidas com os três funcionários que ficaram sem receber pela falta de repasse e as dívidas trabalhistas deixadas.

Além do pagamento do dinheiro devido ao museu, a prefeitura anunciou a previsão de um acordo com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (Ifet), que mantém na cidade os cursos de Turismo e História, diretamente beneficiados com a presença do museu em Santos Dumont. De acordo com a administração municipal, há uma reunião prevista pra abril para firmar o convênio, que promete implementar melhorias, como área de lazer e alimentação na sede.

A dívida

O museu tem um convênio com a prefeitura municipal que prevê um repasse de cerca de R$ 108 mil por ano, dividido em doze parcelas de aproximadamente R$ 9 mil. Segundo a coordenadora do espaço, a verba só foi entregue uma vez em 2018. "Temos funcionários para pagar, e com a falta de repasse, além da dívida com os salários, ficamos com a dívida trabalhista, o que nos impede de tentar novos recursos junto a outros órgãos", explicou Castelo Branco.
 
Esta não é a primeira vez que o museu tem que ser fechado pela falta de verba. De acordo com Mônica, em janeiro de 2018 a casa fechou as portas como forma de pressionar a prefeitura a pagar o saldo devido. "Fechamos no ano passado também pelo mesmo problema, a prefeitura deixou de pagar todas as parcelas de 2017. Pedimos várias vezes e a resposta era sempre que não havia verba, mas quando fechamos eles nos atenderam", detalhou.

O museu

O museu recebe em média 2 mil visitantes por mês. A casa onde Alberto Santos Dumont nasceu funciona como museu desde 1973, ano do centenário do inventor, e é tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha).

São fotografias, documentos e objetos que pertenceram a Santos Dumont e que começaram a ser reunidos por ele mesmo em 1920 e, posteriormente, familiares e amigos fizeram doações importantes que hoje compõem o acervo.

Entre os objetos, o antigo chapéu panamá, uma das marcas registradas de Santos Dumont, fotos de suas aeronaves, móveis como uma cama usada por ele, louças e talheres, além de uma réplica do 14 Bis e, ainda, um avião T 23 Uirapuru da Força Aérea Brasileira. O acervo conta também com dois bustos de Dumont, que ele próprio esculpiu.

Segundo Mônica, após a divulgação da situação financeira do museu, ela foi procurada por várias pessoas e empresas, entre as quais algumas de aviação, que queriam saber o que poderiam fazer para ajudar a manter as portas da instituição abertas. "Apesar da situação triste, essa divulgação é bastante positiva, pois faz o museu mais conhecido e aparecem mais pessoas dispostas a lutar por ele", comemorou.

O imóvel que abriga o museu pertence à prefeitura, mas os cuidados e manutenção foram assumidos pela Fundação Casa de Cabangu.

(Com Rosiane Cunha)

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