Sem acesso a radar meteorológico, Defesa Civil não conseguiu alertar sobre granizo

Daniele Franco
dfmoura@hojeemdia.com.br
07/08/2018 às 12:46.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:48
 (Enviada via WhatsApp)

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A chuva de granizo que atingiu diversas regiões de Belo Horizonte e da Região Metropolitana na última segunda-feira  (6) pegou os moradores de surpresa. Carros estacionados na rua, janelas e telhados sofreram danos causados pelas pedras de gelo.

O fenômeno é raro e, de acordo com a Defesa Civil de Belo Horizonte, totalmente inesperado. O órgão afirmou, em nota, que a população não foi avisada por meio de alertas pois os meteorologistas estão sem acesso às imagens do Radar Meteorológico, do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), que possibilitam a previsão de eventos como esse: "(...) o episódio de ontem foi considerado raro, de rápida formação e curta duração, não foi possível emitir um alerta específico para ocorrência de granizo em Belo Horizonte", informou o órgão. 

Por meio de nota, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas informou que "está em processo de adequação dos serviços de previsão meteorológica em seu site institucional para adaptação às vedações eleitorais". A previsão do Igam é que, ainda nesta terça (7), as imagens do radar meteorológico, a área para publicação de avisos e comunicados estejam disponíveis no http://www.meioambiente.mg.gov.br/igam criado para este período.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) também pontuou a raridade do evento, que foi o primeiro registrado em agosto em toda a história de medições, que começaram há cerca de 105 anos. "Temos registro de ocorrências de granizo somente em setembro e outubro, mas agosto foi a primeira vez", afirmou o meteorologista Cleber Souza.

Agosto chuvoso

A média climatológica para agosto, segundo a Defesa Civil de Belo Horizonte, é de 14,8 milímetros, ou seja, chove 14,8 litros em um metro quadrado. Nos primeiros sete dias de agosto de 2018, entretanto, já choveu mais do que a média para o mês em todas as regionais. Somente no temporal de segunda-feira, a chuva que durou cerca de 30 minutos, segundo o órgão municipal, registrou precipitação de 20 milímetros na Pampulha.

Além da Pampulha, o Barreiro e a região Oeste também registraram altos índices de precipitação em agosto deste ano. 

Segundo Cleber Souza, do Inmet, a previsão é de que as chuvas aconteçam na capital, pelo menos, até a próxima quinta-feira (9). "Depois de quinta, está prevista a chegada de uma massa de ar frio, que vai derrubar as temperaturas à noite. As tardes vão continuar com temperaturas amenas, mas vamos sentir o friozinho típico do inverno com mais intensidade", explicou.

Formação do gelo

As chuvas de granizo, de acordo com o meteorologista, acontecem quando uma massa de ar frio se encontra com uma massa de ar quente e formam a nuvem cumulonimbus, que é caracterizada por alta instabilidade, trovões, relâmpagos e ventanias. São nuvens de tempestade. No caso do que aconteceu em Belo Horizonte na noite de segunda-feira, Souza explica que a cidade estava sob influência de uma massa de ar seco quente, além do fato de as grandes cidades terem ilhas de calor.

A ocorrência de chuvas de granizo pode se dar a qualquer hora do dia, bastam condições de massa de ar frio em choque com massa de ar quente. No verão, é mais comum que essas chuvas aconteçam entre o meio e o fim da tarde, quando as condições de calor são mais intensas. De acordo com Cleber, é improvável que chova granizo de novo nos próximos dias. "A ocorrência sempre se dá somente no momento do encontro, e a massa de ar frio passa rápido. Ela já chegou, já houve a chuva e, agora, já passou. Eu, pelo menos, nunca vi registro de chuvas de granizo em dois dias seguidos", contou.


 

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