SME pede fim de flexibilidade e mais transparência para solucionar caos na Teresa Cristina

Da Redação
28/01/2020 às 17:33.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:27
 (André Carvalho/Divulgação)

(André Carvalho/Divulgação)

A Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) divulgou nota, nesta terça-feira (28), defendendo a revisão dos critérios adotados pelo poder público para calcular a vazão de cursos d'água canalizados de Belo Horizonte e cidades vizinhas, especialmente no trecho do ribeirão Arrudas que passa sob a avenida Teresa Cristina, na região Oeste da capital. Com a tempestade de sexta-feira, considerada a maior registrada na cidade desde 1983, houve mais uma inundação e um longo trecho da via foi destruído. 

Conforme divulgado esta semana pelo Hoje em Dia, a estimativa do total de recursos para recuperar as pistas, feita pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), é de R$ 10 milhões, o que representa pouco mais de 10% do valor (R$ 90 milhões) que a Defesa Civil nacional informou dispor de imediato para todos os estados e municípios afetados por catástrofes naturais.

Para a SME, embora o imenso volume de chuvas na quita-feira e sexta-feira últimas possa ser considerado um "evento raro" na cidade - o tempo de recorrência para um fenômeno semelhante seria de quase dois séculos -, tal fato não deve ser utilizado "para encobrir algumas questões sobre as quais o poder público não pode omitir-se e que estão relacionadas às técnicas da engenharia".

Uma das questões, informa a entidade, diz respeito à canalização da Teresa Cristina. "Recorrentemente, em chuvas de volume muito menor que o registrado na semana passada, as águas do ribeirão Arrudas, que corre canalizado entre suas duas pistas de rolamento, transbordam, inundando edificações e arrastando carros e tudo mais que encontram pela frente", sustenta a nota.

E prossegue: "Lá, o leito canalizado não suporta precipitações em volumes muito menores que os da semana passada, resultando no transbordamento mais frequente do Arrudas naquele trecho. Isso se deve à adoção, hoje, de critérios mais flexíveis de dimensionamento do canal".

De acordo com a entidade classista de engenheiros, "o ganho financeiro que o poder público obtém ao utilizar critérios mais flexíveis acaba sendo transferido para os moradores ribeirinhos, que são obrigados, estes sim, a arcar com a reconstrução de suas casas e empreendimentos comerciais. Trata-se, portanto, de uma situação injusta. Além dos prejuízos de natureza pessoal, é preciso levar em conta os transtornos que tais problemas causam a toda a cidade".

Sugestões

Para a SME, a solução dos problemas constantes na Teresa Cristina, no chamado trecho superior do Arrudas - onde a situação se agrava em razão do encontro com as águas do córrego Ferrugem - tem duas alternativas técnicas possíveis. Uma seria o redimensionamento do canal, com o seu alargamento. A outra seria a construção de bacias de contenção, com barramentos (volume de espera) ou “piscinões” em outros trechos da bacia. 

"As prefeituras da área metropolitana têm projetos para isso. Em nome da transparência, é preciso que divulguem quais são as bacias de contenção projetadas, qual o volume previsto para ser armazenado, e em que estágio cada um desses projetos está. Para não se repetir o que ocorreu na canalização da Teresa Cristina, com o subdimensionamento do canal, é fundamental que o poder público divulgue tais projetos, a fim de que eventuais erros possam ser corrigidos a tempo", ressalta a nota.

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