
O Ministério da Agricultura Pecuária e Agropecuária (Mapa) vai notificar a Backer, dona da Belorizontina, a recolher todas as cervejas e chopes produzidos na fábrica do bairro Olhos D'Água, região Oeste da capital, desde outubro de 2019. A decisão foi tomada nesta segunda-feira (13), dia em que a pasta também proibiu a comercialização de qualquer bebida feita pela empresa.
Na manhã desta segunda, a Polícia Civil informou que exames realizados em amostras colhidas nas instalações da cervejaria indicaram a presença de dietilenoglicol e monoetilenoglicol em amostras colhidas no tanque de resfriamento. Uma nova vistoria deve ser feita nesta terça-feira (14).
As duas substâncias foram encontradas também no sangue de quatro dos 11 pacientes que estão sendo acompanhados com sintomas da síndrome nefroneural. Uma força-tarefa foi montada em Minas para investigar uma suposta intoxicação por dietilenoglicol que acometeu essas pessoas. Uma delas, moradora de Ubá, na Zona da Mata, faleceu.

Segundo o Mapa, o recolhimento e a suspensão de comercialização valem até que "seja descartada a possibilidade de contaminação de demais produtos". A pasta não esclareceu como deverá ser feita a retirada de circulação das bebidas.
Apesar de ter tomado a medida, o Mapa salientou que, por enquanto, só foram encontrados vestígios das substâncias tóxicas na cerveja Belorizontina, sendo a ação desta segunda uma medida preventiva. "Até o momento não há resultado laboratorial que confirme a presença de etilenoglicol ou dietilenoglicol em outras marcas da empresa, estes produtos estão sendo analisados e, caso existam resultados positivos, novas medidas serão adotadas", diz nota enviada à imprensa.
Backer vai recorrer
Em nota, a cervejaria informou na noite desta segunda-feira (13) que a decisão do Ministério da Agricultura será contestada na Justiça. "A Backer informa que a medida de recall solicitada pelo Ministério da Agricultura está sendo objeto de apreciação judicial para revogação do ato. A cervejaria reitera que não faz uso do dietilenoglicol em seu processo produtivo e que o episódio apurado pelas autoridades, limita-se ao lote “Belorizontina”, não tendo qualquer relação com os demais rótulos da empresa, que possui processos autônomos de produção".
Lotes
Uma das suspeitas da força-tarefa que acompanha os doentes é que a enfermidade esteja relacionada a uma contaminação da cerveja Belorizontina. A presença da substância tóxica foi encontrada nos lotes "L1 1348", "L2 1348" e "L21354" da marca. A hipótese de sabotagem por um ex-funcionário é investigada.
A garrafa analisada havia sido recolhida pelo Ministério da Agricultura dentro da fábrica na quinta-feira (9) e repassada à Polícia Civil. O material foi levado, primeiramente, a Brasília, no sábado (11), para um teste de carbonatação, para atestar que não houve violação da cerveja. Posteriormente, foi feita uma análise que indicou positividade para dietilenoglicol e monoetilenoglicol. A garrafa tinha rótulo da marca Capixaba, cujo conteúdo é o mesmo da Belorizontina, porém, com outro nome para o comércio do Espírito Santo.
De acordo com a Polícia Civil, tanto dietilenoglicol quanto monoglicol podem provocar intoxicação. Segundo a Backer, o dietilenoglicol "não faz parte de nenhuma etapa do processo de fabricação de seus produtos, inclusive da Belorizontina". Mas a empresa utiliza o monoglicol no processo de produção e a nota fiscal de compra dessa substância foi apresentada aos investigadores.