Cinema: Por pouco, patrimônio não vai ao chão

Ana Lúcia Gonçalves - Do Hoje em Dia
18/07/2012 às 06:56.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:38
 (LEONARDO MORAIS)

(LEONARDO MORAIS)

Não fossem o Ministério Público Estadual (MPE) e a Justiça, o Cine Brasil de Caratinga, um dos principais símbolos da história da cidade, estaria hoje no chão. Assim que arquivou o processo de tombamento do edifício, construído na década de 40, a prefeitura apressou o início da demolição. No início do mês, foram derrubados o teto e as paredes internas.

Agora, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) deverá ir a Caratinga, a pedido do MPE, vistoriar o imóvel. Um laudo emitido pelo instituto definirá o futuro do palácio, que por décadas foi sinônimo de ousadia e progresso.

O processo de tombamento havia sido aprovado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Histórico e Cultural (CDPHC), mas a prefeitura arquivou a ideia sob alegação de falta de recursos para manter o prédio. Apenas a fachada foi mantida, por decisão da Justiça. “Arrancaram o teto e as paredes internas. É revoltante ver isso acontecer após longo processo que seguiu os trâmites legais e definiu pelo tombamento, por unanimidade do conselho”, enfatiza Lourdes Rodrigues, membro do CDPHC. Segundo ela, os estudos que definiram pelo tombamento começaram em 2009.

“Atualmente, o município recebe cerca de R$ 5 mil mensais para preservar os bens tombados, e esse dinheiro é suficiente para manter também o Cine Brasil”, explica Lourdes, contando que, caso o proprietário ou município sejam multados pelo Iepha, o dinheiro vai para um fundo e pode ser usado na reconstrução do Cine Brasil. “O imóvel deve ser reconstruído por seu valor histórico e arquitetônico. É importante para a cidade e para o Estado”, afirma a membro do conselho de patrimônio. O Iepha informou, por meio da assessoria de imprensa, que ainda não foi notificado pela Justiça sobre a perícia exigida pelo MPE.

Mobilização

Uma campanha contra a demolição do Cine Brasil está nas redes sociais com o nome “SOS em Defesa da Memória de Caratinga”. Simpatizantes pedem ajuda de filhos ilustres de Caratinga, como o cartunista Ziraldo e a jornalista Miriam Leitão.
Na ação do MPE, figuram como réus a Distribuidora de Tecidos São Thiago, representada pelo proprietário do cinema, Wantuil Teixeira de Paula, e o município, pelo prefeito João Bosco Pesine (PT).

Uma secretária da empresa, que se identificou como Joana, disse que os proprietários não iriam se manifestar. Em nota, a Procuradoria do Município alegou que o orçamento para preservação de bens tombados é insuficiente (R$ 50 mil anuais). “Seria preciso pedir autorização à Câmara Municipal para suplementar verbas, retirando recursos da saúde, educação e até mesmo da cultura. O município não teria condições de arcar com o valor do tombamento do prédio”, informou o órgão.

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