Uma volta pelo Circuito Cultural da Praça da Liberdade, no bairro Funcionários, é suficiente para constatar que o acesso gratuito à arte e à cultura faz crescer, a cada dia, o número de turistas que visitam os antigos prédios públicos transformados em espaços interativos que buscam espelhar a diversidade, com atrações variadas para todas as idades.    No conjunto arquitetônico, estão guardados acervos históricos, artísticos e temáticos, abertos à visi-tação pública, além de biblioteca e locais para oficinas, cursos e ateliês, planetário, cafeterias, restaurantes e lojas. No fim do recesso de Ano Novo, foi possível encontrar turistas de várias partes de Minas Gerais (que vieram para BH passar as festas com familiares) nos espaços que compõem o circuito.   O casal de médicos Raquel e José Carlos Faria, de Dores do Indaiá, no Centro-Oeste do Estado, fez questão de percorrer com os filhos, Tomás e Carolina, todos os prédios, como a Casa da Economia Criativa – Horizonte Sebrae, Centro de Arte Popular Cemig, Espaço do Conhecimento UFMG, Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, Memorial Minas Gerais Vale, Casa Fiat de Cultura e Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).    “Trazer as crianças é um ótimo programa. É tudo de graça”, diz José Carlos. Ele avalia que poucas cidades oferecem, como a capital mineira, a oportunidade de ter acesso gratuito à cultura. Para o médico, esses centros culturais poderiam até “cobrar um pouco, para valorizar o espaço da arte e da cultura”.    De acordo com Raquel, a família levou duas horas e meia para ver as exposições do CCBB, que visitou pela primeira vez. “É uma oportunidade excelente de ter contato com a arte e a história. Para começar, adorei o restaurante, boa comida e localização privilegiada”, completou a médica.   Nostalgia    A estudante capixaba Carolina Martins, de 19 anos, se encantou com a exposição “Quase Poema – Cartas e Outras Escrituras Drummondianas”, na Casa Fiat de Cultura. “Vi a exposição das cartas de Drummond. Está linda! O sentimento que ele tem com a mãe, as palavras que ele usa para se referir a ela, tudo é muito emocionante e diferente dos tempos atuais. Hoje em dia não tem mais ninguém escrevendo cartas”.   Filha de mãe mineira e pai capixaba, Carolina mora em Vitória (ES). A avó materna e os tios residem na capital mineira. Em companhia da mãe, Carla, e da irmã caçula Isabela, ela conta que gosta de passear por Belo Horizonte no início de ano, quando a cidade está mais vazia.    Muitos moradores da capital já descobriram os espaços como pontos de entretenimento   A artista plástica Raissa Andrade e o marido, o advogado Tiago Gomes, vão com frequência à Praça da Liberdade, por causa dos atrativos culturais. “O conjunto arquitetônico é lindo. Toda vez que tem exposição nova, a gente comparece”, afirma Tiago.    O casal gostou da instalação “Desarme 2013”, do artista mexicano Pedro Reyes, que compreende oito instrumentos musicais mecanizados. “É uma contraposição entre a arma e o belo”, destaca Raissa. Para confeccioná-los, o artista utilizou 6.700 armas de fogo confiscadas do narcotráfico.    Para a artista plástica, o Circuito marca os novos tempos da arte em Minas Gerais. “O (museu) Inhotim (em Brumadinho) abriu a cabeça dos mineiros para a arte. O Circuito da Liberdade é um desdobramento disso”.    Gratuito   O bordão “tudo de graça” foi o que atraiu as amigas Ana Flávia Lima, Jeniffer Lorraine e Izabela de Matos à Praça da Liberdade. Elas circularam pelo CCBB e outros espaços da praça e se surpreenderam com a instalação feita com cem mil palitos de dente e outras atrações artísticas.   “Não pagar para ter acesso, isso é muito bom em um país que tem pouco contato com a cultura”, diz Ana. “Esse espaço tão amplo virou uma opção diferente no fim de semana, muito melhor do que shopping e cinema”, emenda Jeniffer. 

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