Clínica onde mulher morreu ao fazer redução de mamas é interditada pela Vigilância Sanitária

José Vítor Camilo
20/12/2019 às 17:23.
Atualizado em 05/09/2021 às 23:06
 (ARQUIVO PESSOAL)

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Foi interditada na quinta-feira (19), pela Vigilância Sanitária de Belo Horizonte, a clínica localizada no bairro Barro Preto, na região Centro-Sul da capital, onde uma mulher morreu ao fazer um procedimento cirúrgico de redução de mamas. O fechamento do local, que não tinha autorização do órgão para fazer esse tipo de cirurgia, foi divulgado nesta sexta-feira (20) pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). 

Ainda conforme a pasta, a clínica está impedida de funcionar "até que sejam cumpridas exigências relacionadas a sua infraestrutura, além de pendências documentais e insumos". Adriane Zulmira do Nascimento, de 48 anos, passou mal e morreu durante a operação, na última segunda-feira (16). ARQUIVO PESSOAL
Adriane passou mal durante o procedimento e acabou morrendo ainda na clínica médica

Na última terça-feira (17), a SMSA divulgou uma nota que explicava que a clínica tinha Alvará de Autorização Sanitária somente para pequenos procedimentos ambulatoriais, como "vasectomia e reversão de prótese peniana". Além disso, o espaço estava em processo de renovação do documento, conforme prevê a legislação. 

"Na última vistoria, realizada em outubro, foram solicitadas adequações de alguns itens referentes a esses procedimentos ambulatoriais. Nesse momento foi comunicado à clínica, pelo fiscal sanitário, que a unidade não estava autorizada a realizar qualquer outra cirurgia de médio ou grande porte. A mamoplastia é um procedimento com diversos níveis de complexidade e assim sendo, foi recomendado pelo fiscal sanitário, no momento da vistoria em outubro, baseado na diretriz de segurança assistencial, que essa atividade não fosse realizada por se tratar, na maioria dos casos, de cirurgias de médio e grande porte", informou a secretaria, na época. 

O Hoje em Dia procurou a assessoria de imprensa da clínica que, por meio de uma nota, informou que o estabelecimento busca o pleno entendimento do processo para a "definição e encaminhamento das providências necessárias". "A clínica reafirma seu compromisso de qualidade técnica e observância das boas práticas médicas", conclui o texto.

Relembre o caso 

As informações da Polícia Militar (PM) indicam que a corporação foi acionada na clínica, no Barro Preto, na região Centro-Sul de BH, no fim da manhã. Segundo o relato de familiares da vítima, ela se internou no local no início da manhã de segunda-feira e, conforme repassado pelos médicos responsáveis, teria sofrido um aumento de pressão. A mulher não resistiu e faleceu no local. 

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também chegou a ser acionado no local, mas não foi possível salvar a vida da vítima. A assessoria de imprensa da Polícia Civil (PC) informou que um inquérito já foi instaurado e irá apurar as circunstâncias e eventual responsabilidade sobre o óbito. "A perícia técnica esteve no local e liberou o corpo, que foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML)", conclui a instituição policial. 

A família da vítima conta que, ao chegarem na clínica, foram informados pelo médico de que havia ocorrido uma fatalidade e que eles fizeram tudo o que podiam para salvá-la. "O anestesista disse que havia duas coisas que podiam ser feitas: a primeira, que era ele determinar a causa da morte como indefinida e, a segunda, que era acionar o IML. Mas ele fez questão de destacar que o segundo seria bem mais demorado", denunciou uma sobrinha de Adriane, que preferiu não ser identificada. 

Ainda de acordo com ela, a tia trabalhava como professora em uma creche do bairro São Paulo, na região Nordeste de BH, morava com a mãe idosa, era solteira e não tinha filhos. A vítima foi enterrada na tarde de terça-feira no cemitério Belo Vale, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de BH. 

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