Clima de consternação, dor e pedido de justiça marcam enterro do cruzeirense morto no Mineirão

Guilherme Guimarães
gguimaraes@hojeemdia.com.br
28/10/2016 às 17:32.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:25
 (Guilherme Guimarães/Hoje em Dia)

(Guilherme Guimarães/Hoje em Dia)

A tarde desta sexta-feira (28) foi marcada por muita comoção, dor e revolta, no cemitério da Saudade, região Leste de Belo Horizonte, onde foi enterrado o corpo do cruzeirense Eros Dátilo Belizário, 37, morto durante a partida entre Cruzeiro e Grêmio, na última quarta-feira (26), no Mineirão. 

Com a presença de vários membros de torcidas organizadas, principalmente da Pavilhão Independente, a qual Eros fazia parte, houve a última homenagem ao torcedor, vítima de uma morte rodeada de dúvidas e mistérios. Amigos do torcedor acusam funcionários da empresa de segurança de terem agredido o cruzeirense até a morte.

Durante o velório, o clima de consternação era geral. No cortejo fúnebre e no enterro de Eros várias bandeiras foram hasteadas e músicas entoadas no momento em que o caixão desceu ao túmulo. Os presentes gritavam "Eros Guerreiro", batiam palmas e soltavam foguetes, sob muito choro de familiares, amigos e da namorada da vítima, Pamela Lopes. 

O advogado da torcida Pavilhão Independente, Carlos Alexandre Moreira, já reuniu testemunhas e prepara ação judicial contra a Minas Arena - administradora do Mineirão -, o Cruzeiro e a Prosegur, empresa que faz o serviço de segurança terceirizada do estádio. 

“Já reunimos as testemunhas, vamos pedir as imagens das câmeras de segurança do estádio e redigiremos as peças judiciais. A delegacia de homicídios já entrou em contato conosco e acompanharemos de perto o inquérito. Acionaremos na Justiça a Minas Arena, o Cruzeiro e a Prosegur. Esses três entes eram os responsáveis pela segurança, que inexistiu no local”, comentou. 

Moradora da cidade de Extrema, no Sul do Estado, Rosana Dutra, mãe da ex-companheira de Eros e avô da pequena Mayra Belizário, filha da vítima, viajou mais de 400 km e trouxe para Belo Horizonte a menina de apenas 3 anos.

“Quero que seja feita justiça. Quem fez isso com o Eros precisa pagar. Tiraram a alegria da minha neta, que vai crescer sem a presença do pai. Ele dava tudo para a menina, e prometeu que daria à filha tudo que ele não teve. Não imaginei que seria dessa forma trágica. Os seguranças, que não foram treinados pela empresa, não tinham direito de agredi-lo. Quero Justiça”, bradou. 

O desejo de Rosana era também o de amigos próximos a Eros. No cemitério, um pedido era uníssono: o de justiça. Após o velório, membros da Pavilhão Independente se dirigiram à sede da torcida para uma reunião. No encontro serão traçadas metas para ajudar na investigação da morte do cruzeirense.

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Reuniões

Segundo apurou a reportagem, testemunhas já foram convocadas pela Polícia Civil para prestar depoimento no Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa. Na próxima segunda-feira, Alexandra Luciana de Abreu, que estava com Eros dentro do estádio e acusa os seguranças da Prosegur de agressão, se apresentará para dar esclarecimentos. Ela foi convocada pelo delegado responsável pelo caso para prestar depoimento nesta sexta-feira, mas pediu para acompanhar o velório e enterro do amigo. Por isso, só comparecerá na delegacia no começo da próxima semana. 

Já os advogados da torcida Pavilhão Independente se reunirão, também na segunda-feira, com diretores da Minas Arena. A empresa que administra o Mineirão, assim como o Cruzeiro, se propôs a pagar os custos do funeral de Eros Belizário.

Além de membros da torcida Pavilhão Independente, adeptos da Máfia Azul, Torcida Fanati-Cruz (TFC) e Torcida Jovem estiveram presentes no enterro de Eros Belizário, com faixas e camisas das respectivas agremiações. 

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