Cobradores foram retirados em 'retaliação' por falta de reajuste da tarifa, diz ex-chefe da BHTrans

Marina Proton
mproton@hojeemdia.com.br
09/06/2021 às 13:56.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:08
 (Abraão Bruck/CMBH)

(Abraão Bruck/CMBH)

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da BHTrans, nesta quarta-feira (9), o ex-presidente da empresa, Célio Bouzada, disse que a demissão dos cobradores das linhas de ônibus em Belo Horizonte seria uma “retaliação” das empresas. O motivo, conforme opinou, estaria relacionada à decisão da prefeitura da capital em não reajustar a tarifa do transporte público.

Desde o início do mandato do prefeito Alexandre Kalil (PSD), entre 2017 e 2020, segundo informou Bouzada, a passagem na cidade foi reajustada uma vez. Instalada na Câmara Municipal desde 10 de maio, a CPI apura supostas irregularidades na prestação do serviço de transporte na cidade. O ex-presidente é o segundo a ser ouvido pela comissão. Antes dele, prestou depoimento o atual mandatário da autarquia, Diogo Prosdocimi.

Durante a reunião, o ex-presidente, que chefiou a BHTrans de 2017 a 2020, também negou que a empresa tenha uma “caixa preta” a ser aberta. Em duas horas de CPI, houve momentos de exaltação por parte dos vereadores. O principal deles, envolveu o presidente da comissão, Gabriel Azevedo (sem partido), que discordou das falas de Bouzada.

Sobre auditorias na empresa, o parlamentar disse que o ex-mandatário estaria mentindo. “Não venha me dizer que está tudo claro e transparente. Não trate essa cidade como idiota, porque não há idiotas nesta Câmara e não há pessoas que acham que vai tudo bem no transporte público. O senhor Diogo Prosdoscimi que esteve aqui na última quarta-feira foi muito incisivo e claro ao deixar evidente que a BHTrans não presta um bom serviço, que é impossível fiscalizar as empresas de ônibus porque este contrato é draconiano e beneficia empresários, ele foi claríssimo em dizer que é uma tragédia o que acontece na BHTrans”, afirmou. 

Gabriel Azevedo ainda ponderou que Bouzada falava à CPI tal como um “pavão envaidecido” e cobrou sinceridade para que ele retornasse à comissão em “condição de testemunha, não de investigado”.

“Ele deixou claro que pegou uma empresa terrível. Há um serviço mal feito, há ônibus abarrotados, há gente que espera e que é tratada como lixo nos ônibus e o senhor vem aqui, tal como um pavão envaidecido, dizer que essa empresa é uma maravilha?”, indagou.

O Hoje em Dia solicitou um posicionamento do Sindicato das Empresas de Transporte (Setra-BH) sobre a declaração do ex-presidente da BHTrans e aguarda um retorno. 

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