
Idosos com idades superiores a 75 anos, mas com capacidade cognitiva de uma pessoa 15 anos mais nova. O fenômeno que já tem sido observado em países desenvolvidos foi constatado em Caeté, na região Metropolitana de Belo Horizonte. No entanto, muito diferente do que observado mundo afora, os superidosos – como são chamados – daqui de Minas têm, em média, apenas três anos de escolarização, enquanto os estrangeiros possuem entre 15 e 17.
As informações são da pesquisa de mestrado de Karoline Carmona, do Programa de Pós-graduação em Ciências Aplicadas à Saúde do Adulto, da Faculdade de Medicina da UFMG. Para chegar nos resultados, a neurologista analisou dados do projeto de investigação epidemiológica Pietà, coletados em 2008, na cidade da Grande BH. Na época, mais de 600 idosos participaram da ação.
"Cheguei a uma base de 132 idosos que tiveram envelhecimento saudável, sem problemas de saúde. Desses, depois de aplicados testes, observamos que 18 responderam muito bem às perguntas feitas", explica a pesquisadora. Esses 18, conforme os estudos, são os superidosos de Caeté. "Isso nos chamou a atenção porque ficamos querendo saber as bases e o que eles têm de diferente dos outros", lembra Karoline.
Com os dados em mãos, a pesquisadora notou a baixa escolarização desses idosos, se comparados a estudos recentes feitos em Chicago – que mostraram uma alfabetização de mais de 15 anos desse público – e a ausência de sintomas depressivos. "Nesse grupo estavam pessoas analfabetas. Por isso, acredito que tenha alguma evolução genética, que análises futuras poderão comprovar. É um indício importante", completa. "Mas não podemos desacreditar da educação para uma boa formação da nossa sociedade".
Ainda conforme a neurologista, não foi possível avaliar e comprovar as características que unem essas pessoas. Se vivem em área urbana, rural, e quais são os costumes comuns entre elas. "O que sabemos é que vivem em uma cidade do interior de Minas. Mas não observamos nada que comprovasse uma ligação", esclareceu a pesquisadora.
Superidosos brasileiros
Além de Minas, outros estados brasileiros já têm feito pesquisas nesse sentido de identificar grupos de superidosos. Segundo Karoline, outros estudos já estão frequentes na Universidade de São Paulo (USP) e na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). "Sei que existem, mas não posso confirmar se estão nas mesmas condições daqui de Minas, como alfabetização e proximidade de centros urbanos".