Com dívidas milionárias, hospitais de Minas estão à beira de um colapso

Patrícia Santos Dumont e Daniel Antunes - Do Hoje em Dia
20/07/2012 às 14:23.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:43
 (FLAVIO TAVARES)

(FLAVIO TAVARES)

Com uma dívida de R$ 183 milhões, a Santa Casa de Belo Horizonte pediu ajuda ontem à prefeitura, mas saiu de uma reunião com o Conselho Municipal de Saúde com as mãos abanando. O déficit na conta da instituição filantrópica, que atendeu 3 milhões de pacientes no ano passado, deve-se ao repasse de verbas insuficiente do Sistema Único de Saúde (SUS). O dinheiro da União cobre apenas 60% dos custos dos procedimentos realizados, situação que se repete e fragiliza o atendimento em outras unidades do Estado.

O secretário de Saúde da capital, Marcelo Teixeira, orientou a Santa Casa a negociar diretamente com o Ministério da Saúde. “O município não tem a competência de intervir nesse caso”.

Operacionalmente, a Santa Casa está em dia com fornecedores e pagamento de funcionários. As contas deixadas de lado se referem a tributos federais. A Justiça já determinou o bloqueio de bens da instituição.

O diretor-presidente da Santa Casa, Porfírio Andrade, destacou que a entidade não tem receita para cobrir o valor milionário. “Não queremos o perdão incondicional da dívida, mas o direito de pagá-la a longo prazo”.

No interior do Estado, os baixos repasses do SUS deixam hospitais à míngua. No Vale do Aço, as três maiores unidades da região que atendem pelo SUS estão com o funcionamento comprometido ou mesmo encerrado, afetando diretamente uma população estimada de 615 mil habitantes, em 26 municípios do chamado colar metropolitano.

O drama começou no ano passado, com o fechamento do Hospital Siderúrgica, responsável pelo atendimento de 4 mil pessoas por mês em Coronel Fabriciano. Sem a unidade, pacientes recorreram a cidades vizinhas, sobrecarregando o atendimento em Ipatinga e Timóteo.

Fim da hora extra

Pronto-atendimento e corredores lotados nos hospitais foram o estopim da crise. Em Ipatinga, servidores do Hospital Municipal decidiram abolir a hora extra. A estimativa dos funcionários é de redução de até 40% no número de atendimentos.

Em Timóteo, o hospital Vital Brazil, que tem 60% do atendimento pelo SUS, suspenderá os atendimentos de ortopedia a partir de amanhã. Cinco médicos ortopedistas solicitaram o desligamento da unidade alegando más condições de trabalho.

Morador de Três Pontas, no Sul de Minas, o pedreiro José Tarcísio Bento, de 55 anos, aguarda há dez anos por uma cirurgia de retirada de cálculo renal pelo SUS. “Vou uma vez por mês a Belo Horizonte para consultas, mas os hospitais alegam falta de vaga”. (Com Celso Martins)

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