Com líquido barrento nas torneiras, Valadares segue sem água potável

Ana Lúcia Gonçalves - Hoje em Dia
17/11/2015 às 17:14.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:31
 (LEONARDO MORAIS/HOJE EM DIA)

(LEONARDO MORAIS/HOJE EM DIA)

Apesar do abastecimento de água ter sido restabelecido em 70% da cidade, moradores de Governador Valadares, no Leste do Estado, continuam a peregrinação em busca de água mineral e potável distribuída em reservatórios móveis e caminhões-pipa. Reclamam do cheiro forte e da cor barrenta.

A doméstica Miraise Alves Moreira, de 29 anos, é uma delas. Para garantir água mineral, a moradora do Bairro Maria Eugênia chegou às 8 horas na sede do Tiro de Guerra e conseguiu ser a primeira da fila. A  distribuição estava marcada para às 13 horas. “Temos que dar graças a Deus, mas a água do Saae está chegando amarela e com mal cheiro. Não dá para beber”.

A vizinha dela, Marli Gonçalves Cunha, de 30 anos, fez o mesmo. “Meu medo é com a saúde das crianças. Não dá para arriscar. Não tenho dinheiro para comprar água mineral e se tivesse não acharia. Então o jeito é enfrentar as filas”, disse, segurando a caçula dos três filhos, A bebê Mariane, de seis meses, estava suada e inquieta nos braços da mãe. “Não tenho alternativa senão trazer os meninos”.

Além dos caminhões-pipa que circulam pela cidade abastecendo os moradores, foram distribuídos reservatórios móveis de água, com capacidade para 20 mil litros, em 30 pontos distintos da cidade. Neles, cada morador leva para casa quanto conseguir carregar. Mais de 40 pessoas passaram pelo instalado na entrada do Colégio São José, no bairro Vila Bretas, na manhã desta terça-feira (17).

O auxiliar de serviços gerais Amarildo Alves, de 52 anos, era um deles. Para encher a caixa de 500 litros que tem em casa, fez várias viagens empurrando o carrinho com um balde. “A vida está difícil demais, mas não vou tomar essa água da torneira por um bom tempo. E mais seguro evitar. O professor de ensino médio Lourival Rodrigues, de 69 anos foi além. “Devia ser crime mandar a gente tomar essa água que está chegando as torneiras”.

SAAE

O diretor do Saae, Omir Quintino, tem assegurado que a água distribuída pela autarquia está potável e pode ser usada para beber e cozinhar. A cor amarelada e o cheiro forte, segundo ele, podem ter sido provocados por resíduos, sujeira que se acumulou nas tubulações e caixas de água das residências durante o tempo sem abastecimento.

Nem todas as casas da cidade receberam água canalizada. Apenas as partes mais próximas e mais baixas. “É preciso encher os reservatórios do SAAE em diversos pontos da cidade para que a água chegue em todos os locais”, diz nota distribuída pela autarquia, na manhã desta terça. A previsão é de abastecimento geral até sexta-feira.

O Saae informou também que nenhum esquema de emergência será desativado, por enquanto; primeiro porque há locais onde a água ainda não chegou. Depois, porque ainda não se sabe quanto de lama ainda poderá descer o rio.

“É verdade também que a chuva altera a quantidade de lama na água. Com menos quantidade de lama (turbidez mais baixa), o SAAE consegue separar a lama da água (decantar) e processar o tratamento mais rápido. Por isto, o monitoramento é constante e a quantidade de água tratada pode se alterar de uma hora para outra, o que nem sempre significa que o abastecimento será interrompido, só diminuído ou aumentado”.

“A Prefeitura está atenta e, caso seja necessária a interrupção, a população será informada oficialmente. Por isso, pela instabilidade da situação, nenhum esquema de emergência de distribuição de água será interrompido”.
 

 

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