Com medo de assaltos, motoristas de aplicativos instalam 'botão do pânico' por conta própria

Luiz Augusto Barros
@luizaugbarros
28/12/2021 às 08:08.
Atualizado em 29/12/2021 às 00:37
 (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

(Maurício Vieira/Hoje em Dia)

Com medo diário de sair de casa para trabalhar sem saber se vão retornar, motoristas de aplicativo de Belo Horizonte buscaram, por conta própria, uma solução para tentar diminuir os crimes praticados contra a categoria. Condutores instalaram um “botão do pânico” nos carros. O mecanismo acionará uma central de monitoramento particular que irá contactar a Polícia Militar.

A plataforma tem condições de atender até 10 mil veículos. Atualmente, cerca de 70 mil rodam pelas ruas da Grande BH. De acordo com a presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos que Utilizam Aplicativos do Estado de Minas (Sicovapp-MG), Simone Almeida, mais de um botão poderá ser instalado. 

A tecnologia foi testada por seis motoristas por dois meses. O equipamento conta com aplicativo que monitora a localização, podendo ser acompanhado por outra pessoa. “Deixo com minha filha. Ela abre e vê onde estou”.

Os automóveis com o sistema serão vigiados por 24 horas. A instalação custa R$ 250, mais R$ 25 mensais do serviço de acompanhamento. A iniciativa é exclusiva para quem trabalha com apps. “A equipe vai identificar onde a pessoa está e acionar o resgate mais próximo”, disse o gerente comercial da Ibicar Proteção Veicular, Davson Bruno Peixoto.

A PM não foi informada sobre a ferramenta. No entanto, não vê restrições. “Qualquer segmento que queira aumentar o seu nível de organização, favorecendo uma sinergia entre o trabalho da sociedade com a Polícia Militar, é sempre bem-vindo”, disse o tenente coronel Flávio Santiago. A corporação reforça que condutores não devem reagir a assaltos e, sempre, registrar o boletim de ocorrência.

Briga antiga

A luta por mais segurança aos motoristas de app é antiga. Neste ano, como mostrou o Hoje em Dia, a categoria recorreu ao governo de Minas em busca. Em resposta, a Polícia Militar reforçou a atuação, com ampliação do monitoramento, plano de contingência, estruturação da rede de motoristas protegidos e aumento do número de militares nas viaturas em locais estratégicos.

Conforme Simone Almeida, a medida não contou com a participação do poder público nem das empresas de transporte por aplicativo. “De dois anos para cá, estávamos à procura de alguma empresa que pudesse fazer um sistema exclusivo para os motoristas”.

Procurada, a 99 não se manifestou. Já a Uber não comentou a iniciativa em si, mas informou, em nota, que considera segurança como “prioridade”. 
A empresa alega que o aplicativo conta com o botão “Recursos de Segurança”, que reúne todas as funções de segurança da plataforma. O recurso permite que usuários e motoristas parceiros possam compartilhar a localização e o tempo de chegada em tempo real com quem desejarem, além de oferecer a opção de ligar para a polícia em situações de risco ou emergência diretamente do app. 

Segundo a Uber, em outras localidades, como Estados Unidos e México, tal botão já está integrado ao atendimento a emergências das polícias e compartilha automaticamente localização e dados da viagem se houver a ligação. A empresa diz que está “dialogando” com alguns estados no Brasil para trazer o recurso para cá. “Hoje uma viagem pelo aplicativo já inclui ferramentas de segurança antes, durante e depois de cada viagem, tanto para os usuários quanto para os motoristas parceiros”, finalizou. 

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