Com mosquito sem vírus, BH quer reduzir drasticamente dengue e chikungunya nos próximos quatro anos

Renata Evangelista
rsouza@hojeemdia.com.br
05/10/2020 às 14:16.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:43
 (Adão de Souza/TV PBH )

(Adão de Souza/TV PBH )

Nos próximos quatro anos, Belo Horizonte pretende reduzir em 50% o número de infectados por dengue. Esse é o período previsto pela prefeitura para a eficácia de um método ecológico, iniciado nesta segunda-feira (5), que retira o vírus do Aedes aegypti.

Além da dengue, outras doenças transmitidas pelo mosquito, como zika e febre amarela, também devem ter queda significativa nas notificações. No caso da chikungunya, a diminuição esperada é de 77%.  

Os resultados devem ser alcançados por causa do Wolbachia, bactéria que está sendo inserida no Aedes e é capaz de bloquer o vírus transmissor das enfermidades. Os primeiros 270 mil mosquitos modificados foram soltos nesta manhã na região de Venda Nova.

Apesar da inserção da bactéria feita em uma biofábrica, especialistas da saúde garantem que o Aedes ficará inofensivo. "Esse método é ecologicamente correto e não traz riscos para a saúde. Esperamos que nos próximos quatro anos tenhamos redução significativa das doenças", frisou o secretário municipal de Saúde Jackson Machado.

Método científico

Os mosquitos com o Wolbachia estão sendo produzidos na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que, atualmente, tem capacidade para criar, por semana, pouco menos de 300 mil Aedes sem o vírus. Essa será a quantidade de insetos soltos em BH a cada sete dias. Com a expansão do projeto, a produção deve ter a capacidade aumentada nos próximos meses.

"É uma tecnologia bastante inovadora. Incluindo a bactéria no mosquito, há uma interrupção de doenças. O método é sustentável", destacou Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz. Coordenador da fundação, Lúcio Moreira explica que as fêmeas passam o Wolbachia para os descendentes, o que disseminará a produção dos mosquitos sem o vírus. Os pesquisadores afirmam que não há modificação genética no processo.

O reforço no combate a dengue, no entanto, não significa que a população pode relaxar nas medidas também eficazes para evitar a proliferação do Aedes. "O Wolbachia é complementar. As pessoas precisam continuar fazendo seu dever de casa, tirando os criadores de casa", ressaltou Moreira.

Surto

Venda Nova foi escolhida para receber os primeiros mosquitos sem o vírus por concentrar, em anos anteriores, os maiores registros das doenças transmitidas pelo Aedes. Mas, em breve, o projeto deve atender outras regionais da capital.

"Com o tempo todas as regiões da cidade vão receber. O planejamento é que seja expandido em breve", disse Machado. Além da nova tecnologia, o secretário de saúde informou que a prefeitura continua investindo em diversos métodos para conter o avanço da dengue, zika e chikungunya na cidade.

Nos próximos dias, drones irão auxiliar os agentes de combate a endemias em locais que não são possíveis fazer a visita presencial. Mesmo com todos os esforços voltados para a Covid-19, a PBH ressaltou que não deixou de lado a luta contra a outras doenças.

"Belo Horizonte investe R$ 60 milhões por ano em ações de combate a essas endemias. Os agentes comunitários fazem 30 mil visitas todos os dias para combater essas doenças", destacou o servidor da Secretária Municipal de Saúde (SMSA).

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