Com reação previamente planejada, PM de Uberaba 'direcionou' quadrilha para embate na zona rural

José Vítor Camilo
27/06/2019 às 16:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:17
 (REPRODUÇÃO / WHATSAPP)

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Em uma região com histórico de ataques frequentes de quadrilhas paulistas de assalto a banco, Uberaba só não teve mais feridos no tiroteiro ocorrido na madrugada desta quinta-feira (27) porque a polícia tinha pronto um plano de contingência para reação a grandes assaltos. A partir do momento em que soube da ação de dezenas de homens fortemente armados na cidade, a PM  acionou a sua equipe de conteção, preparada para minimizar a exposição da população ao confronto ocorrido na madrugada desta quinta-feira (27). Três pessoas foram baleadas, sendo que uma delas, uma mulher, está internada em estado gravíssimo.

 Apesar de ter cercado as vias em torno da agência do Banco do Brasil alvo da quadrilha, na avenida Leopoldino de Olveira, a principal do município, a corporação deixou liberada uma rota de fuga que direcionou o bando para a zona rural, onde a troca de tiros poderia acontecer sem expor tantos cidadãos ao risco. 

O Hoje em Dia conversou com o coronel Lupércio Peres, comandante da PM do município de quase 300 mil habitantes, que deu detalhes de todo o embate com os bandidos. "A ação desta quadrilha, formada por 20 a 25 homens, começou por volta das 3h, sendo que eles atacaram especificamente a agência do Banco do Brasil. Temos uma equipe de conteção para esse tipo de assalto, então imediatamente acionamos o cerco e bloqueio, fechamos toda a cidade, e tivemos o primeiro embate na avenida Leopoldino de Oliveira, a principal da cidade", lembra. 

O comandante explica que, por o tiroteio ter ocorrido em uma área muito residencial, a estratégia usada foi de fechar várias vias deixando uma rota de escape para que a quadrilha deixasse a cidade e fosse para a área rural. "Eles estavam com armamento de guerra, que poderiam facilmente atingir moradores mesmo dentro de casa. Por isso adotamos essa medida", acrescentou o coronel Peres. 

Com o bando já fora da cidade, outros três confrontos com a polícia aconteceram, sendo um deles na BR-262, onde os suspeitos abandonaram dois dos veículos usados no assalto. "Depois tivemos um segundo embate na área rural e, em seguida, eles tentaram passar pelo cerco em um caminhão de carroceria antigo. Estavam todos deitados, suspeitos e reféns, embaixo de uma lona. Mas isso despertou nossa atenção e decidimos fazer a abordagem a  esse veículo", lembra o policial. 

Foi então que, mesmo com sete reféns, sendo uma garotinha de apenas 2 anos, um adolescente de 12, duas mulheres e três homens, os suspeitos passaram a atirar contra as viaturas, dando início a mais um intenso tiroteio. "Interrompemos o tiroteio assim que detectamos que havia reféns e iniciamos então a negociação, que durou mais de duas horas. Felizmente conseguimos liberar os sete reféns, todos bem e sem ferimentos, e prender os dez marginais", concluiu o coronel Peres. 

Ainda conforme a PM da cidade, os suspeitos presos são integrantes de uma quadrilha que é originária da região de Campinas, no estado de São Paulo. A corporação depende da informação do Banco do Brasil para saber se alguma quantia foi roubada pelos assaltantes. 

Arsenal apreendido 

Com os suspeitos, a PM apreendeu um verdadeiro arsenal de guerra. Ao todo, foram 11 fuzis de calibres 7.62 e 5.56, um fuzil calibre .50 e duas pistolas, sendo uma de calibre 9 mm e outra .40. Além disso, também foi apreendida vasta munição de diversos calibres e um grande número de coletes à prova de balas. 

Vídeos feitos pela corporação mostram o poder de fogo da quadrilha. Confira: 

O armamento apreendido com a quadrilha será periciado e quantificado pela PM. Polícia Militar pic.twitter.com/zXlL2MVsmH— Jornal Hoje em Dia (@jornalhojeemdia) 27 de junho de 2019

PM continua buscas para prender restante da quadrilha

Ainda de acordo com o coronel Lupércio Peres, apesar de parte da quadrilha ter sido detida, agora, a corporação segue empenhada em prender o restante do bando, com o apoio do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e dos batalhões das áreas de Uberlândia, Patos de Minas e Poços de Caldas. 

"Nosso setor de inteligência já está empenhado em localizar e prender estes outros suspeitos. Acredito que em breve  teremos novas prisões", Completou o comandante. 

Histórico 

Esta não é a primeira vez que Uberaba é alvo de ações de quadrilhas especializadas em roubo a bancos e transportadoras de valores. Em 2015, o aeroporto da cidade foi alvo de bandidos que explodiram um caixa eletrônico. Já em 2017, foi a vez de uma ação cinematográfica ser registrada em uma grande transportadora de valores. Na ocasião, bandidos queimaram veículos para tentar impedir a chegada da polícia e também houve troca de tiros. 

Indagado sobre o que estaria levando essas quadrilhas a invadirem cidades maiores como Uberaba, mesmo diante de um efetivo policial maior, o coronel Peres acredita que é uma questão de proximidade com São Paulo. "Já tivemos ataques semelhantes em outras cidades de porte maior, como Passos e Uberlândia. Por isso acredito que seja sa proximidade com o estado vizinho, pois eles atravessam uma ponte e chegam em São Paulo", concluiu. 

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