Com sentimento de insegurança e angústia, moradores se preparam para mudança

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
27/07/2014 às 12:27.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:32
 (Wesley Rodrigues)

(Wesley Rodrigues)

“A gente só sabe que está indo, mas não sabe quando nem se vai voltar”. É com essa angústia que a moradora do bloco oito do Condomínio Antares, Patrícia Lopes, prepara-se para deixar o apartamento onde vive com a filha para mudar-se por tempo indeterminado para um quarto de hotel, na tarde deste domingo (27).

O imóvel dela é vizinho ao viaduto Batalha dos Guararapes, que ruiu parcialmente no último dia 3, na avenida Pedro I, bairro São João Batista, Região Noroeste de Belo Horizonte. Segundo Patrícia, os moradores tiveram pouco tempo para arrumar as coisas, já que só foram comunicados oficialmente sobre a mudança no final da tarde de ontem (26).

“Vamos poder levar apenas roupas e objetos pessoais, porque não dá para levar muitos pertences. Também não vamos poder voltar ao apartamento, já que existe o risco de o viaduto e o prédio desabarem”, diz a moradora.

Mudança

Filha de Patrícia, Tanery Cristine Lopes reclama da falta de privacidade e dos transtornos que virão com a mudança para o hotel. “Lá, será um quarto para nós duas. Eu gosto de falar ao telefone, usar o computador e não vou ter mais privacidade para isso. Sem falar que eu trabalho aqui no prédio, tomando conta do filho de uma vizinha, e agora não vai dar mais”.

Por ora, somente os moradores dos blocos oito e nove do Condomínio Antares e do bloco três do Edifício Savana serão encaminhados ao Hotel Sof Inn Belo Horizonte, no bairro São Cristóvão, Região Noroeste da capital.

De acordo com nota enviada pela Prefeitura (PBH), “a medida tem como objetivo garantir a segurança dos moradores e atende a um acordo firmado entre a Prefeitura de Belo Horizonte, o Ministério Público e a Construtora Cowan, que vai custear as despesas”.

 


Indignação

Embora cientes dos riscos, muitos moradores não se conformam em ter que deixar suas casas, principalmente, aqueles que têm animais de estimação – que não poderão ser levados para o hotel – e filhos pequenos.

“As despesas com café da manhã, almoço, jantar e água serão pagas pela Cowan (construtora responsável pelo viaduto), mas não vamos poder levar nenhum alimento para os quartos, então, no intervalo dessas refeições, vamos ficar sem comida ou ter que pedir no hotel, pagando do nosso próprio bolso. E nós sabemos que lá o preço é muito maior”, afirma outra moradora do Condomínio Antares, Kelly Baia.

Insegurança

Pela manhã, cerca de 20 moradores dos prédios mais prejudicados reuniram-se na garagem para discutir o que fazer. Dentre as principais preocupações, além da questão da alimentação, estão segurança, lavanderia e proteção aos apartamentos que serão deixados para trás.

“Sabemos que o hotel é novíssimo, de qualidade, mas fica ao lado da 'cracolândia'. Para quem chega em casa tarde, a região é perigosa”, diz Kelly.

Para aqueles que têm criança, sobretudo em idade escolar, a impossibilidade de lavar roupas é mais um motivo de desconforto. Isso porque os serviços de lavanderia do hotel serão disponibilizados apenas duas vezes por semana, às segundas e quartas-feiras, limitados a oito peças de roupas por pessoa (duas por dia), por coleta.

Já a segurança dos apartamentos ainda é uma incógnita. “Eles disseram que não será necessário policiamento no local, porque outros moradores permanecerão no condomínio”, afirma Tanery.

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