Comitê faz alerta sobre o menor vazão do rio das Velhas nos últimos 20 anos

Alessandra Mendes e Iêva Tatiana - Hoje em Dia
24/10/2014 às 07:54.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:44
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

Apesar da crise iminente no abastecimento de água em Belo Horizonte e região metropolitana, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas acredita que não haverá necessidade de racionamento ou de medidas mais drásticas. Porém, alerta para a necessidade, urgente, de uma gestão mais inteligente do solo, da vegetação e dos rios.

“É um momento de alerta para a sociedade, tanto para os consumidores – no sentido de ter uma preocupação de não aumentar a demanda e o consumo – quanto para as empresas, que têm de fazer a parte delas”, avalia o presidente do comitê, Marcus Polignano.

O rio das Velhas, uma das principais fontes de captação de água para a Grande BH, está com a menor vazão dos últimos 20 anos. Neste período de seca, o volume esperado é de cerca de 14 metros cúbicos por segundo. Atualmente, o nível varia entre sete e nove metros cúbicos por segundo. Dessa vazão, são retirados seis metros cúbicos, para o reservatório Bela Fama, em Nova Lima, responsável pelo abastecimento de 40% da capital e 60% da RMBH.

“Eu diria que estamos quase que sugando o rio para Belo Horizonte. E isso tem um efeito também para a bacia” diz Polignano. Nessa quinta-feira (23), o comitê fez um pedido oficial ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), para que este solicite às empresas da região do Alto Rio das Velhas a liberação de água de barragens para alimentar o curso do rio. “Todas que possuem barramento devem fazer esse aporte, em especial as mineradoras, maioria na região. Qualquer quantidade agora é fundamental para a manutenção do Velhas”, afirma o presidente do comitê.

Chuvas também são bem-vindas para aliviar a pressão sobre o rio, mas, conforme a meteorologia, só chegarão com constância e volume considerável na segunda quinzena de novembro.

A Copasa garante que a situação está sob controle e que a produção de água, de 1,3 bilhão de litros/dia, tem assegurado o abastecimento das cidades atendidas pela empresa na região.

Segundo registros da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Granbel), foram detectadas falhas no fornecimento de água em 17 das 34 cidades do colar metropolitano, inclusive em BH, em setembro. Também estavam na mesma situação Betim, Brumadinho, Caeté, Jaboticatubas e Matozinhos.

Sem restrição às empresas

Apesar da situação crítica na bacia do rio das Velhas, a Diretoria de Pesquisa, Desenvolvimento e Monitoramento das Águas, do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), assegura que as vazões nas estações de captação de água não atingiram os valores mínimos para o estabelecimento de restrições de uso.

Portanto, aos reservatórios de empresas da região não estão estabelecidos impedimentos de utilização ou aumento da vazão residual.

Em nota, o Igam informou que ainda não recebeu formalmente o pedido do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas para a abertura das comportas das empresas de mineração.

No entanto, o órgão ressaltou que existe a possibilidade de estabelecimento de novas regras de operação aos reservatórios, dado que, quando da ocorrência de eventos críticos na bacia hidrográfica, “a autoridade outorgante pode instituir regime de racionamento de água para os usuários, pelo período que se fizer necessário”.

Ainda segundo o Igam, tão logo ela seja acionado pelo comitê e sejam realizadas as avaliações necessárias para a adoção das medidas cabíveis, a outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa – parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado. Tais medidas podem ser adotadas em situações de calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas.

Pacote de melhorias para evitar apagões

A implantação de um pacote de melhorias, no total de R$ 122 milhões, deverá reduzir os episódios de falta de energia elétrica e agilizar os reparos, quando necessários, para os consumidores de Belo Horizonte e região metropolitana, durante o período chuvoso. O anúncio foi feito nessa quinta pela Cemig.

Apesar de a expectativa ser de volume pluviométrico acima do registrado no ano passado, representantes da companhia afirmam que a previsão é de que haja “poucos problemas” em 2014.

De acordo com o superintendente de Relacionamento Comercial com Clientes da Cemig, Carlos Augusto Reis de Oliveira, foram feitos investimentos em instalação de equipamentos automatizados, expansão do sistema elétrico, reforma de subestações, linhas e redes, e manutenção preventiva.

Proteção no período chuvoso

No último período chuvoso, mais de 50 mil pessoas ficaram feridas, desabrigados ou desalojadas em Minas Gerais. Para minimizar os riscos, foi criada uma comissão especial para proteção do público mais vulnerável nessas situações: crianças, adolescentes, pessoas idosas e com deficiência. 

A comissão, formada por vários órgãos, será coordenada pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil. O objetivo é elaborar medidas de prevenção, levantar informações e estabelecer ações integradas para o período chuvoso.

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