Comunidade dos Arturos terá bens protegidos com inventário

Patrícia Santos Dumont - Do Hoje em Dia
09/07/2012 às 08:01.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:25
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

O cenário é incomum, em se tratando de uma cidade grande. Basta sair da rodovia e adentrar o bairro Jardim Vera Cruz, em Contagem, na Grande Belo Horizonte, para encontrar um verdadeiro paraíso verde onde as moradias, singelas, fazem lembrar as casas de antigamente das cidadezinhas do interior de Minas. O local, que encanta pelo clima – e até pelo cheiro – é a centenária Comunidade dos Arturos, cuja origem está ligada à história do negro Arthur Camilo Silvério, filho de escravos, nascido por volta de 1885.

A última terça-feira certamente ficará marcada na história da comunidade. A Prefeitura de Contagem e o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) assinaram um termo de cooperação técnica que irá registrar o local e criar um inventário, possibilitando a proteção dos bens dos Arturos em níveis municipal e estadual.

Em coletividade

Da parte mais alta do local, conhecida como Cruzeiro, é possível vislumbrar boa parte da comunidade, que abriga cerca de 90 residências – 30 moradores residem em localidades vizinhas. Todos, descendentes do negro Arthur, convivem como uma família, em coletividade.

A casa de Mário Braz da Luz, de 79 anos, por exemplo, um dos filhos do negro Arthur, é um verdadeiro ponto de encontro. Por ser o único benzedor da comunidade, está sempre rodeada de pessoas, da própria comunidade e de cidades e estados vizinhos. “Fico feliz demais. É uma forma de passar para frente o que aprendi com meu pai”, conta. “E não me incomodo de absorver a energia ruim dos outros, o importante é que quem for embora, sai curado”, afirma.

A simplicidade e a maneira como recebe os visitantes encanta e até emociona. O quintal do “benzedeiro”, como é conhecido, que mais se parece com uma grande cantina antiga, é onde as biscoiteiras se reúnem para preparar os quitutes da comunidade durante os festejos típicos. São mais de 40 tipos de biscoitos, doces e salgados.

As delícias, que carregam a tradição dos antepassados, entram no forno de barro em folhas de bananeira e saem fumegando. À mesa, se juntam ao café fresquinho, servido durante a tarde a qualquer um que visitar o local. “Aqui é assim, ninguém sai sem provar”, brinca a biscoiteira Maria Aparecida Silva Vieira, 51 anos.

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