Confusões no pré-Carnaval preocupam polícia e organizadores

Gabriela Sales
gsales@hojeemdia.com.br
25/01/2017 às 19:54.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:33

Assaltos durante os ensaios dos bloquinhos e perturbação do sossego após a folia desafiam a polícia no pré-Carnaval de BH, além de lançar um alerta para o reinado de Momo que se aproxima. Faltando exatos 30 dias para a festa, grandes eventos têm sido realizados na capital todos os sábados e domingos. Porém, em alguns deles, a alegria virou transtorno.

Só no último fim de semana, três encontros viraram caso de polícia. Dois deles não eram oficiais, ou seja, sem o aval dos organizadores do Carnaval. Pelo menos três pessoas foram presas – um homem foi detido com oito celulares roubados. Até um tiroteio chegou a ser registrado.

Na tentativa de barrar as ocorrências, a PM promete inibir festas não oficiais, reforçar o patrulhamento nas ruas e até monitorar alguns veículos. Isso porque muitos foliões insistem em estacionar carros nas vias públicas e colocar o som no último volume, mesmo após os desfiles dos bloquinhos. Excessos como esse estão entre as principais reclamações.

Mesmo o evento no Cachoeirinha, onde ocorreu um tiroteio, ter sido um baile funk, a PM já o considera como um encontro de pré-Carnaval

“Temos feito várias operações e blitze. Dentre as observações feitas, ficamos atentos a automóveis com sons mecânicos potentes. Tudo isso é mapeado”, diz o chefe da Assessoria de Imprensa da Polícia Militar, major Flávio Santiago. Em caso de excessos, motoristas serão autuados, e os veículos, rebocados.

Segundo ele, a polícia tem usado o serviço de inteligência para acompanhar postagens nas redes sociais e identificar os responsáveis por festas não cadastradas na Belotur. “Vamos procurar essas pessoas e articular uma forma de tornar aquele evento legal e seguro”, afirma Santiago. Câmeras do Olho Vivo também serão utilizadas no monitoramento.

Preocupação

Mesmo com os organizadores do Carnaval esperando um público acima de 2,4 milhões de pessoas durante a festa em BH, a polícia evitar falar do efetivo a ser empenhado. O anúncio deve ser feito na primeira quinzena de fevereiro. A Guarda Municipal reforçará a segurança, assim como a Polícia Civil.

Produtora do bloco “Baianas Ozadas”, Pollyana Paixão diz que a segurança dos componentes do grupo e dos foliões é a principal preocupação, e medidas estão sendo ensaiadas. “Conscientizamos as pessoas para evitar brigas e não expor objetos de valor em local vulnerável”, explica.

Fim de semana

No domingo, após ensaio do bloco “Me Beija que eu Sou Pagodeiro”, no bairro Gutierrez, região Oeste, o produtor do grupo Matheus Brant foi ameaçado. O ensaio, que ocorreu em local privado, registrou mais de 2 mil pessoas do lado de fora. Houve tumulto e moradores acionaram a Polícia Militar.

No bairro União, região Nordeste, um menor foi apreendido após arremessar garrafas em militares que tentavam dispersar um grupo de pessoas na rua Alberto Cintra, ao final da festa. Já no bairro Cachoeirinha, na mesma região, um tiroteio foi registrado. Um homem suspeito de envolvimento com tráfico de drogas acabou morrendo no local. 

Crise no interior

O Carnaval de Diamantina, um dos mais tradicionais de Minas Gerais, não vai contar neste ano com as duas maiores atrações da folia na cidade: as bandas Bartucada e Bat-Caverna. O anúncio foi feito ontem pelo prefeito do município, Juscelino Brasiliano Roque. O motivo é a falta de dinheiro. “Estamos vivendo uma época em que todo mundo está quebrado”, disse. 

O prefeito explicou que foram feitas várias reuniões com todas as bandas do Carnaval, mas não houve acordo. Uma primeira proposta seria uma empresa terceirizada assumir o espaço destinado aos foliões com a venda dos abadás. O lucro seria usado primeiro para pagar as despesas da empresa, e o resto iria para as bandas. ”Nós achamos inviável porque a gente mobiliza toda a banda, temos um custo operacional muito grande, não foi garantido um custo mínimo”, afirmou o produtor da Bat-Caverna, Rogério Vieira Farnezi. 

O prefeito Jucelino Roque disse que reconhece a importância das duas bandas, mas que não tem como arcar com os custos. “Ano passado gastei R$90 mil com uma e R$70 mil com a outra. Com isso, eu coloco em movimento todas as bandas de Diamantina, que espera receber neste ano 35 mil pessoas”. 
Diante da recusa dos dois maiores blocos, o prefeito disse que vai gastar com a folia em 2017 cerca de R$500 mil, metade do que foi gasto no ano passado. 

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