Conheça as histórias de voluntárias que se dedicam a empoderar outras mulheres

Cinthya Oliveira
07/03/2019 às 21:09.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:52
 (Lucas Prates/ Hoje em Dia)

(Lucas Prates/ Hoje em Dia)

“Juntas somos mais fortes”. A frase tão proferida por usuárias de redes sociais nos últimos anos pode servir de referência para um grande número de profissionais das mais diferentes áreas, que reservam uma parte de seu tempo para desenvolver projetos que beneficiam outras mulheres. A ideia é sempre compartilhar conhecimento e afeto, para fortalecer cidadãs frente a uma sociedade muitas vezes segregadora.

A professora de inglês Luciana Miranda Horta, de 37 anos, percebeu que poderia fazer a diferença para outras mulheres ao oferecer aulas a um preço módico. Dependendo da dificuldade financeira da aluna, o curso de línguas é oferecido gratuitamente. Há cerca de um ano, ela começou a dar aulas para mulheres em um espaço de sua família no bairro Floresta.

A procura foi grande e ela decidiu alugar uma sala no edifício Maletta para atender às alunas. “Tive uma aceitação muito grande, pois o valor cobrado é menor do que metade de um curso regular de inglês. São mulheres que precisam do idioma para passar na prova de mestrado, para um concurso ou para buscar um intercâmbio. O que elas pagam é suficiente apenas para pagar o aluguel da sala”, afirma Luciana, que também dá aula em escolas de inglês e empresas.

“É muito gratificante ver mulheres chegando até mim dizendo que conseguiram realizar seus sonhos. Acredito muito que uma sobe e puxa a outra. Elas me ajudam a subir mais também, pois me indicam para outros alunos e para empresas”, completa a professora, que se formou em Comércio Exterior e teve dificuldade em se inserir nesse mercado, onde há pouco espaço para mulheres.

A arquiteta Carina Guedes, de 34 anos, compreendeu a importância de se dividir conhecimento com outras mulheres durante o mestrado. Ela é a idealizadora do projeto Arquitetura na Periferia, que teve início em 2013 e hoje se formalizou como um instituto, com o objetivo de capacitar mulheres sobre os trabalhos realizados durante reformas e construções de casas.

Pequenos grupos de mulheres participam, ao longo de quatro a seis meses, de oficinas sobre desenhos e planejamento de obras. As participantes recebem ainda um pequeno empréstimo sem juros para que elas iniciem os trabalhos. “O empréstimo é para garantir que elas façam as obras. Percebemos que, quando a mulher recebe esse benefício, ela faz questão que ele faça diferença para outras pessoas”, conta Carina.Bruno Figueiredo/Divulgação / N/A

Registro de professoras e participantes de oficina do projeto Arquitetura na Periferia

E o curso desperta os alunos para a chance de um futuro melhor. “Duas meninas demonstraram muito interesse pela área neste ano e estamos formatando um curso de capacitação nesse ano. Pois há uma demanda por mão de obra nessa área, as trabalhadoras inspiram maior confiança”, explica.

O projeto já beneficou 36 mulheres de diversas comunidades de Belo Horizonte, como Dandara, Eliana Silva e Aglomerado da Serra. Agora será realizado na comunidade de Parelheiros, em São Paulo, voltado para mulheres gestantes.

Para as faxineiras

Engana-se quem pensa que apenas o conhecimento adquirido no universo acadêmico pode ser compartilhado. Renata Aline Oliveira, de 39 anos, fez a diferença ao criar um coletivo de faxineiras, chamado Tereza de Benguela. A ideia é conscientizar trabalhadoras e clientes sobre o trabalho de faxina, promovendo uma intermediação entre os dois lados.

Ao mesmo tempo em que o projeto mostra segredos da boa faxina para as trabalhadoras, mostra para as clientes como não agir de forma opressora. Segundo Renata, até hoje tem gente que não oferece alimentação para a diarista nem permite que ela use o banheiro.

Após três anos de existência, o coletivo visa agora a conscientização para que as faxineiras se cadastrem no programa Microeemprendedor Individual (MEI) e possam emitir nota por prestação de serviço, além de recolher para o INSS. “Estamos buscando também parcerias com terapeutas que possam conversar com as meninas do coletivo. Muitas delas são mães solteiras, não recebem ajuda financeira e precisam de uma orientação”, afirma Renata.

A conversa que ajuda

Ao participar de um grupo de mães em redes sociais, a psicóloga Daniela Salum, de 38 anos, constatou que muitas mulheres que compartilham suas experiências na internet demonstram sinais claros de depressão. Compreendeu que o espaço virtual não era suficiente para que essas mulheres pudessem desabafar e levantar o moral: era preciso um encontro físico entre elas.

Foi quando ela ligou para outra psicóloga, Daniela Bittar, e verificou a possibilidade de montar um encontro, para uma terapia em grupo. A primeira reunião do projeto Gamas aconteceu em março de 2017 e, desde então, às segundas-feiras as duas se encontram com dezenas de mulheres para falar sobre as angústias que todas carregam.Daniela Braga/Divulgação

Daniela Bittar e Daniela Salum, psicólogas à frente do grupo Gamas

Por uma questão de segurança, o grupo decidiu alugar o teatro de bolso do Sesiminas para os encontros. Para pagar o aluguel, um valor é cobrado das participantes. “Mas, se alguém fala que não tem condições de pagar naquele momento, a gente coloca o nome dela na portaria. Tive que abrir um CNPJ para conseguir alugar o espaço, mas isso tudo me faz muito bem. Quando a gente ajuda também se sente mais ajudado”, conta Daniela.

Quem também percebeu que uma roda de conversa pode fazer muita diferença é a decoradora de eventos Odette Castro, de 72 anos. Uma vez por mês, na casa de uma amiga, ela reúne cerca de 20 mulheres – especialmente, da terceira idade – para conversarem com um convidado. A entrada é sempre gratuita.

“Percebi que muitas mulheres da minha idade estão sem foco, sem muito assunto para conversar. Com essa iniciativa, vou até pessoas que estão com depressão e precisam de um maior entrosamento”, conta Odette.

O próximo encontro acontece no dia 16 e terá como convidado o professor de teologia Eduardo Machado, que vai aproveitar o período da quaresma para conversar sobre os muitos “calvários” da modernidade.

Palestra sobre empreendedorismo

Quando o assunto é mulher trabalhando para ajudar outras mulheres, um dos destaques é a administradora Flávia Ivar, criadora do Instituto Mulheres SA, que visa auxiliar empreendedoras de baixa renda por meio de uma rede de profissionais das mais diferentes áreas.

Flávia é uma das convidadas de um evento especial que a Faculdade Promove realiza nesta sexta-feira (8), na Unidade da avenida João Pinheiro. Além de Flávia, outras convidadas irão falar sobre empreendedorismo e a força da mulher no mundo dos negócios. A entrada é gratuita.

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