Contaminação de cerveja divide opinião de moradores do Buritis: 'tomei 12 e não tive nada'

Renata Evangelista
rsouza@hojeemdia.com.br
10/01/2020 às 11:53.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:15
 (Maurício)

(Maurício)

A contaminação com uma substância tóxica de pelo menos dois lotes da cerveja Belorizontina - que pode explicar o surto de uma doença misteriosa que atingiu moradores e frequentadores do Buritis, região Oeste de BH -, divide opiniões.

Algumas pessoas que moram no bairro acreditam que o caso não está esclarecido, afirmando que vão continuar consumindo a bebida. Outras, contudo, revelaram que vão suspender a compra do produto, inclusive de outros rótulos fabricados pela Backer, responsável pela Belorizontina e outras 20 cervejas.

Morador e diretor da Associação do Bairro Buritis (ABB), Francisco Pimentel disse que comprou 12 garrafas da Belorizontina na segunda quinzena de dezembro, período em que os oitos pacientes adoeceram. As bebidas foram ingeridas às vésperas do Natal e depois da festividade.

"Tomei 12 garrafas com minha família. Não tive nada. Ninguém apresentou nenhum sintoma", contou. "Está tudo muito vago ainda e tem muita coisa para ser investigada e esclarecida. Fico chateado, também, por se tratar dessa cervejaria, que sempre foi muito séria", argumentou.

O empresário Marco Aurélio Lara, de 50, também fez o consumo de três garrafas no período em que houve os casos de adoecimento. "Levei para uma confraternização, e ninguém passou mal. Não faz muito sentido. Talvez, o problema tenha sido no manuseio. Sei que vou continuar tomando", disse.Maurício VieiraDa esquerda pra direita: Marco Aurélio diz que vai continuar bebendo da cerveja; já Denilson, Cleuber e André vão suspender a ingestão

Medo

Quem prefere não se arriscar é o funcionário público André Souza, de 53. Ele admitiu que já bebeu a Belorizontina algumas vezes, mas, agora, "melhor evitar". O jornaleiro Denilson Nascimento da Silva, de 40, também falou que vai suspender o consumo, inclusive, de outros rótulos da Backer. "Não vou ter coragem, pelo menos por enquanto. Ninguém quer ficar doente, né?".

O taxista Cleuber Loschiavo, de 43, reconhece o frescor e sabor agradável da cerveja, mas é mais um que não irá comprar o produto. "Agora fico com receio", ponderou.

Contaminação

De acordo com a Polícia Civil, laudo aponta a presença de substâncias tóxicas em dois lotes do rótulo Belorizontina. Os exames são preliminares e a corporação destaca não ser possível afirmar se a bebida contaminada teria relação com a doença misteriosa.

A solução dietilenoglicol (DEG), detectada nas análises da corporação, é um líquido sem cheiro que se mistura com água e solvente. Usado como anticongelante, em altas doses, se ingerido, pode causar intoxicação, com quadro de insuficiências renal e hepática.

Os sintomas foram os mesmos apresentados pelos doentes atendidos em hospitais particulares, no Estado, no último mês. Até então, o único denominador em comum entre os casos era o fato de as vítimas, todos homens de 23 a 76 anos, serem moradores ou terem estado no bairro Buritis.

Em nota, a cervejaria informou que o DEG não faz parte do processo da Belorizontina. A Backer garantiu estar à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e contribuir com as investigações.

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