(Ricardo Bastos)
A contaminação dos córregos e rios de Belo Horizonte, Contagem e Sabará, na região metropolitana, começa já nas nascentes. Essa é a constatação de um estudo feito pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, que mapeou 340 minas dos ribeirões do Onça e Arrudas. O resultado do diagnóstico da qualidade das águas compõe o projeto “Valorização das Nascentes Urbanas”.
Todas as nascentes ficam em regiões adensadas. “Encontramos problemas de contaminação em muitas delas. O principal é a presença de coliformes fecais, indicando infiltração de esgoto”, afirma Rogério Sepúlveda, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas.
Em muitos locais onde a água brotava do solo, foram encontrados também resíduos de produtos derivados de petróleo, óleos e graxas.
Vegetação
A situação de algumas nascentes poderia ser amenizada com ações simples, como o plantio de mata ao redor e a coleta adequada de lixo e do esgoto. “Também é importante melhorar a gestão de resíduos de postos de gasolina e garagens de ônibus, por exemplo. Em algumas nascentes, observamos que foi o lixo produzido nesses locais que comprometeu a qualidade da água”.
São muitas as consequências da poluição das nascentes, avalia Sepúlveda. “Sabemos que a situação se agrava à medida que a água segue seu percurso. Mas, quando ela brota já com uma qualidade ruim, contribui para aumentar o impacto dos resíduos e efluentes gerados dentro da cidade e lançados em córregos e ribeirões”, adverte.
Mais do que os prejuízos ambientais, em alguns casos há risco de problemas de saúde, uma vez que existem famílias que utilizam a água de nascentes para consumo.
Embora a solução do problema de poluição das águas da cidade dependa da proteção das nascentes, Sepúlveda ressalta que os órgãos públicos também precisam despertar para a necessidade de preservar os córregos. “É função da prefeitura, do Estado e da Copasa ampliar a coleta de esgoto, urbanizar vilas e favelas e criar outros mecanismos que proporcionem isso”.
Investimento
Em nota, o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) informou que estão previstos investimentos de R$ 1,3 bilhão para a recuperação da bacia do rio das Velhas. Segundo a Copasa, 85% dos córregos de BH têm interceptores de esgoto. A expectativa é a de que, até 2017, pelo menos 96% dos cursos d’água estejam livres do despejo desses resíduos, chegando a 100% em 2022. (Com Patrícia Santos Dumont).