Copasa corta água de 67 bairros de BH por causa do consumo excessivo, mas descarta racionamento

Rosiane Cunha
19/09/2019 às 18:57.
Atualizado em 05/09/2021 às 21:50
Copasa destaca que imóveis que possuem caixas d'água podem não sofrer impactos (Pixabay / Divulgação)

Copasa destaca que imóveis que possuem caixas d'água podem não sofrer impactos (Pixabay / Divulgação)

Mais de 60 bairros de Belo Horizonte estão sem água nesta quinta-feira (19) e a previsão da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) é que o fornecimento seja normalizado apenas na madrugada desta sexta-feira (20). Segundo a companhia, a medida foi tomada devido ao alto consumo nos últimos dias de intenso calor na capital mineira.

O corte foi feito num dia em que os termômetros marcaram 35,2°C e na mesma semana em que Belo Horizonte registrou o dia mais quente do ano e o dia mais seco de 2019. Nessa quarta-feira (18 ), a umidade chegou a 12%, um índice típico de deserto.

Para se ter uma ideia do tamanho da secura vivida pelos belo-horizontinos, nesta época do ano a umidade do ar no Deserto do Atacama, o deserto mais seco do mundo, localizado no Chile, gira em torno de 10%, 11%.

Racionamento negado

A Copasa negou o risco de racionamento, afirmando que o abastecimento está dentro da normalidade em BH. De acordo com a empresa, foi preciso fazer uma manutenção no reservatório São Lucas, na capital. Disse no fim da tarde que o serviço já estava concluído e que “o fornecimento de água está ocorrendo de forma gradativa, devendo estar totalmente restabelecido na madrugada de sexta-feira (20)”.

Mesmo com a negativa de que possa ocorrer falta de água pela companhia, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) informou nesta quinta que o rio da Velhas, responsável por 70% do abastecimento de água de BH e Região Metropolitana, enfrenta a pior seca da sua história. "Em Sabará, que já teve navegação, dá para atravessar o rio a pé. A água fica na altura do tornozelo", afirmou Marcus Vinícius Polignano, presidente do comitê. Ainda segundo o especialista, caso a chuva forte não venha na segunda quinzena de outubro, o risco de racionamento na capital não está descartado.

Sobre o corte feito pela Copasa nesta quinta, Polignano disse que prefere não opinar sobre uma operação técnica da companhia, mas chama a atenção para o momento preocupante, onde a vazão está reduzida no rio das Velhas e em Bela Fama.

"A vazão do Bela Fama vem caindo gradativamente desde agosto, caindo para abaixo de 10 metros cúbicos por segundo. Quando o mínimo para o rio das Velhas cumprir o limite dele é de 10,25 metros cúbicos por segundo. Em agosto, esse limite chegou a atingir 9,7 metros cúbicos por segundo e, em setembro, 9,6 metros cúbicos por segundo”, pondera o presidente.

Para Polignano o momento difícil e crítico pode sim trazer problemas operacionais. “Com as queimadas frequentes, estiagem prolongada e a matas ressecadas, tá faltando água sim”, conclui.

Surpresos

Entre as pessoas prejudicadas houve quem desaprovou a medida por achar que neste período do ano é que mais se consome água. Morador do bairro Nova Floresta, na região Leste da cidade, o publicitário Marcos Alexander Cruz, de 27 anos, teve problemas pela falta d’água. “Só soube que a água estava fechada à tarde, quando fui me arrumar para trabalhar. Neste calor, não poder tomar banho assim, de sobreaviso é um incômodo”, comentou.

Essa falta de aviso, inclusive, foi reclamação constante entre os ouvidos pela reportagem. A vendedora Michelle Regina Pereira, de 36 anos, é síndica de um prédio com 12 moradores no bairro Serra Verde, na região de Venda Nova, e até o início da noite ainda esperava a visita de técnicos da Copasa, para resolver os problemas técnicos que alegaram quando ela reclamou da falta d’água.

“Acho que eles deveriam ter avisado por meio de comunicados em meios de comunicação, jornais, alguma coisa assim, porque a pessoa é pega de surpresa. Eu concordo que as pessoas gastam mais do que deveriam. Mas no site não falava que faltaria água no meu bairro. Abri um chamado e disseram que iam mandar um técnico”, contou.

Já a professora Cláudia Barros Vieira Leita, de 58 anos, acredita que a medida, em caso racionamento, tem que ser comunicada. “Não é a primeira vez que ficamos sem água. Eu acho que tem que ser transparente e falar se estamos tendo racionamento, porque não pode cortar do nada. E claro que a gente vai consumir mais água no calor. É quando a gente bebe mais, quer se refrescar. Não é esbanjar, é necessidade”, afirmou.

Bairros afetados

Aarão Reis, Aeroporto, Bandeirantes, Cachoeirinha, Campus Da UFMG, Castelo, Centro, Cidade Nova, Concórdia, Da Graça, Dom Joaquim, Dom   Silvério, Dona Clara, Engenho Nogueira, Esplanada, Eymard, Fernão Dias, Floresta, Goiânia, Granja Werneck, Guarani, Horto, Horto Florestal,        Ipê, Ipiranga, Jaraguá, Jardim Das Rosas, Lagoinha, Lajedo, Liberdade, Maria Goretti, Maria Virginia, Minaslândia, Nova Floresta, Novo Aarão    Reis, Novo Tupi, Ouro Minas, Ouro Preto, Palmares, Paqueta, Penha, Pirajá, Primeiro De Maio, Providencia, Renascença, Ribeiro De Abreu, Sagrada Família, Santa Cruz, Santa Efigênia, Santa Rosa, Santa Tereza, Santa Terezinha, São Bernardo, São Cristóvão, São Francisco, São Gabriel, São Gonçalo, São João Batista, São José, São Luiz, São Marcos, São Paulo, Suzana, Tupi B, União, Universitário e Vila São Gabriel.

Dicas para economizar água

Atitudes simples, como lavar o carro com balde de água no lugar da mangueira, deixar a torneira fechada enquanto escova os dentes, tomar banhos rápidos, molhar plantas com regador e não lavar o passeio com água tratada fazem muita diferença.

(Colaborou Bruno Inácio)

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por