Coronavírus obriga ações emergenciais em Minas

Renata Galdino e Rosiane Cunha
horizontes@hojeemdia.com.br
27/02/2020 às 21:16.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:46

A chegada do coronavírus ao Brasil – com uma confirmação da doença em São Paulo – já obriga ações preventivas em Minas. O Aeroporto de Confins, na Grande BH, intensificou a limpeza e a desinfecção do terminal. Nos próximos dias, o governo do Estado deve decretar situação de emergência em saúde pública.

A medida foi anunciada ao mesmo tempo que cinco casos suspeitos são investigados no território. São três em Belo Horizonte, um em Juiz de Fora, na Zona da Mata, e outro em Montes Claros, no Norte.

“Outras dezenas” de notificações, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), ainda são analisadas pelo governo federal e podem ser classificadas como suspeitas a qualquer momento. O crescimento dos relatos de pessoas com sintomas semelhantes à doença é atribuído ao aumento das áreas de risco.

132 casos suspeitos de coronavírus são investigados em todo o Brasil; desses, 55 em São Paulo e 24 no Rio Grande do Sul.

Ao menos 40 países confirmaram pacientes infectados pelo vírus. Na lista, destinos muito procurados pelos brasileiros, como Itália e Espanha.

“É natural que, à medida que se incorporam nações da Europa, haja uma nova onda de casos suspeitos por aqui”, destaca o subsecretário de Vigilância em Saúde de Minas, Dario Brock.

Por recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Confins já adota medidas de controle. Além da desinfecção do aeroporto, passageiros vindos de áreas de risco e que apresentem sintomas gripais devem ser reportados imediatamente às autoridades.

Agilidade

Mesmo sem confirmação da doença em Minas, o decreto de emergência visa a agilizar a compra de insumos e contratação de profissionais em um cenário de surto. 

“O documento está sendo analisado pelo nosso departamento jurídico e será encaminhado à Defesa Civil, que tem a habilitação para formalizá-lo”, explica o titular da SES, Carlos Eduardo Amaral.

213 notificações ainda são analisadas pelo Ministério da Saúde e podem entrar para a lista de casos suspeitos a qualquer momento

O secretário disse que a possibilidade de infecções obrigou a antecipação de pelo menos duas estratégias que seriam implantadas ao longo do ano. 

Uma delas é o Centro Mineiro de Controle de Doenças Transmissíveis, cuja resolução para a criação será publicada na próxima semana. A ideia é formar uma força-tarefa para prevenção e combate às enfermidades. A outra é uma rede intermunicipal de saúde pública, envolvendo as prefeituras, que permitirá a contratação rápida de leitos e insumos.

Ainda segundo Amaral, o Ministério da Saúde estuda o aluguel de mil leitos de CTI, em todo o país. “Com a introdução do vírus, estimamos um pico da doença no inverno, o que deve sobrecarregar o sistema de saúde. Diferentemente do tratamento da dengue, que pode ser feito numa enfermaria, o do coronavírus demanda internação”, complementa o subsecretário Dario Brock. Segundo a SES, profissionais de saúde do Estado foram treinados, em fevereiro, para enfrentar a doença

ALÉM DISSO:

O risco do surto de coronavírus no país levou o Ministério da Saúde a antecipar a vacinação contra a gripe. Prevista para abril, a campanha terá início em 23 de março. Ao todo, 75 milhões de doses serão disponibilizadas. Vale lembrar que a imunização não protege contra a síndrome, chamada agora de Covid-19. O objetivo é facilitar o diagnóstico e evitar sobrecarrega no sistema.

A mobilização vai privilegiar gestantes, mulheres com até 45 dias após o parto, crianças, idosos e outros grupos como presos e funcionários dos presídios, segundo o ministro Luiz Henrique Mandetta. “Devemos fazer (a imunização) nas forças de segurança, na população presidiária completa, nos agentes penitenciários. Devemos fazer a ampliação de segmentos para diminuir a circulação epidêmica”, disse.

Conforme o titular da pasta, a dose será importante para combater os demais vírus associados a outros tipos de gripes, reduzindo a dificuldade dos médicos na hora de identificar corretamente o coronavírus. “A vacina dá cobertura e deixa o sistema imunológico 80% protegido contra essas cepas de influenza e virais que estão circulando e são mais comuns que o coronavírus”, acrescentou o ministro.

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