Covid-19 é cinco vezes mais mortal entre os idosos em Minas

Luisana Gontijo
lgontijo@hojeemdia.com.br
12/06/2020 às 08:03.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:45
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

A alta letalidade do novo coronavírus entre os idosos, confirmada em todo o mundo, também desperta atenção em Minas. Por aqui, o índice de mortes de quem tem mais de 60 anos é cinco vezes maior do que a média geral dos demais doentes no Estado. Porém, alheios à vulnerabilidade, muitos ainda ignoram as medidas de proteção contra a Covid-19.

O mais recente boletim sobre a doença sinaliza que a letalidade das pessoas desta faixa etária chega a 12,6%, ao passo que a dos demais mineiros está em 2,3%. Ontem, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou que já são 431 óbitos em Minas, sendo 315 de idosos – 73% das vítimas.

Ainda assim, tem sido comum maiores de 60 anos andando pelas ruas, sem manter o distanciamento social recomendado para evitar o contágio da enfermidade. O Hoje em Dia flagrou, nesta semana, idosos caminhando pelo Centro de Belo Horizonte e, o que é pior, alguns sem máscara ou usando o equipamento de proteção individual de forma errada.

“Em geral, qualquer doença respiratória, como Influenza e outros coronavírus, apresenta quadros de saúde piores nos idosos”Argus Leão - Infectologista

Sobre isso, os médicos são categóricos: as pessoas, principalmente os mais velhos, devem sair de casa apenas em último caso. “O ideal é que procurem não se infectar”, grava o infectologista Argus Leão, integrante do Comitê de Acompanhamento da Covid-19 em BH. O especialista defende o isolamento social, que é imprescindível contra a contaminação.

Motivos

Pesquisadores da Universidade de Hong Kong, território chinês, já haviam constatado essa relação entre idade e morte de pacientes com mais de 60 infectados pelo novo coronavírus em Wuhan, onde a epidemia começou, em dezembro de 2019. 

O geriatra do Hospital das Clínicas da UFMG Jáder Freitas explica que, com o avançar da idade, o sistema imunológico entra em um processo chamado imunossenesência, como se fosse um envelhecimento da imunidade. “Assim, a pessoa passa a ter uma resposta um pouco mais lenta. Por essa razão, idoso morre mais de pneumonia, infecção urinária”, aponta o médico.

Além disso, diz Freitas, 80% dos idosos tomam algum remédio – pelas estatísticas brasileiras de saúde –, têm comorbidades, incapacidades ou fragilidades. “O idoso tem uma reserva menor para combater essa infecção e outras agressões. A gente sabe que um idoso, quanto mais frágil, mais dependente, suporta menos um acidente de carro, uma cirurgia de grande porte. São condições que o idoso apresenta, além da imunocenescência”.

Palavra do especialista

O idoso deve procurar ter um papel de protagonismo no combate ao novo coronavírus, recomenda o geriatra Jáder Freitas. “Às vezes, a família quer visitá-lo, mas ele está tranquilo, quer se proteger. Então, ele deve saber limitar, não receber visita, se não estiver seguro quanto a isso. Se não estiver ansioso, se estiver tranquilo, que fique em casa, mantenha o isolamento social, se proteja”, aconselha o médico.

Jáder Freitas lembra que o idoso, geralmente, tem mais sabedoria, podendo, inclusive, ajudar as pessoas mais ansiosas da família. E pode colaborar de outras formas também, como, se souber costurar, fazendo máscaras para as pessoas próximas, tendo atividades.

A família deve ficar atenta, alerta o médico, para se certificar de que idoso está com a saúde mental boa, se o isolamento não está trazendo um processo de ansiedade, de depressão, que pode se manifestar como uma queda do apetite, desânimo, insônia, perda de energia, de peso, sintomas que devem ser tratados.

O médico indica ainda que é importante estabelecer uma rotina, ter horário de cuidar da casa, de fazer atividades que gosta, ligar para a família, praticar exercícios físicos, como alongamento, caminhada.

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