(Lucas Prates)
A pequena Lívia Novaes, de 10 anos, está ansiosa para recomeçar as aulas, em pleno mês de abril. Apesar de o ano escolar ter iniciado em fevereiro, ela enfrenta uma rotina diferente que a obriga, a cada 2 ou 3 meses, a ter uma nova escola, outros amigos e uma nova cidade onde viver.
Lívia é filha de Nilton Gatica e Aline Novaes, o palhaço Chuvisco e a especialista em força capilar do Circo Mirage, de Marcos Frota, que estreou em Belo Horizonte na última sexta-feira. A vida itinerante dos pais não impede que as filhas, Lívia, Lavínia, de 8 anos, e, futuramente, a bebê Lara estudem. Graças a uma lei da década de 1940, as escolas públicas e privadas são obrigadas a receber filhos de artistas circenses, em qualquer época do ano.
Em Belo Horizonte, Lívia e outras 30 crianças do Mirage foram acolhidas pelo Colégio Promove, unidade Pampulha. A parceria vai garantir estudo de qualidade, material didático e toda a estrutura necessária para o aprendizado.
“Eu estou doida pra começar a estudar, conhecer meus colegas, as professoras”, diz Lívia, que já passou por uma prova de nivelamento na última sexta-feira e se prepara para retomar as aulas amanhã. “Estamos há mais de 40 anos trabalhando em prol da educação. Nos sentimos comprometidos em favorecer essa parceria e integrar as crianças”, frisou o gerente de Marketing do Promove, Diogo Isoni.
A coordenadora pedagógica da educação infantil e ensino fundamental 1 do Promove Pampulha, Luciana Antunes Motta, acredita que a integração das crianças do circo com os demais alunos da unidade será tranquila e rica para todos. “É uma oportunidade de trabalhar conceitos que estamos já desenvolvendo com os alunos, como o multiculturalismo. São realidades diferentes que vão se encontrar e interagir. A troca no aprendizado é fundamental. Ao mesmo tempo que a gente ensina, também aprende”, destaca.
Na estrada
Como a vida no circo é itinerante e a cada período a trupe cumpre temporada em um lugar, os filhos dos artistas circenses chegam a frequentar até dez escolas diferentes por ano, diz o diretor do Mirage, Sérgio Robattini. “Somos um condomínio sobre rodas”, brinca.
Para o palhaço Chuvisco, isso não é um problema. “Eu também fui criado assim, essa é a nossa realidade, é natural pra gente. A Lívia e a Lavínia também lidam muito bem com isso”.
Na verdade, a Lívia gosta. “Acho bem legal viver no circo, porque a gente faz muitas amizades e conhece bastante gente, principalmente nas escolas”, conta. E mesmo com o estudo tradicional a que tem acesso, Lívia não pensa em outra profissão. “Eu quero ser contorcionista!”, garante.Lucas Prates / N/A
RIQUEZA – Lívia valoriza a diversidade que encontra pelo caminho a cada mudança de escola