Criança de 6 anos que mora em hospital desde que nasceu realiza sonho de conhecer um cãozinho; veja

Juliana Baeta
07/10/2019 às 18:48.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:06
 (Arquivo Pessoal )

(Arquivo Pessoal )

A pequena Maria Nicole Fernandes, de 6 anos, mora no hospital desde seus 7 meses de vida. Ela tem Atrofia Muscular Espinhal (AME), uma doença genética rara que atinge a coluna vertebral e impossibilita os movimentos e até mesmo a respiração. Por isso, um aparelho respirador e a cama da ala de cuidados prolongados do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), em Uberaba, têm acompanhado a criança por toda a sua vida. 

Mas nesse fim de semana, um encontro "mágico", segundo a mãe dela, Shirlene Fernandes, encheu o coração dos pais de esperança. Apesar de a doença afetar os neurônios motores, Nicole tem a inteligência normal para a idade e sua capacidade cognitiva intactas. "Ela sempre fica na enfermaria vendo desenhos no tablet, então já viu e sabe o que são cachorros, gatos e cavalos, por exemplo. Mas nunca teve contato com nenhum animal. Na verdade, ela não conhece muita coisa do mundo exterior", conta a mãe. 

O desejo de conhecer e tocar um cãozinho foi esboçado pela pequena e, junto à mãe, a Liga de Cuidados Paliativos em Pediatria da UFTM se mobilizou para conseguir uma visita especial, que aconteceu nesse fim de semana. Arquivo PessoalNo último sábado Nicole teve contato com um cachorro, animal que só conhecia por meio da TV  

"Foi uma verdadeira força-tarefa para conseguir promover este encontro, porque envolve muita coisa e muita gente, tivemos que levar junto com ela a enfermagem, a fisioterapeuta, deslocar a maca, o oxigênio, uma médica assistente. Tínhamos medo de que ela ficasse assustada porque havia muita gente ao redor dela e ela viu a luz do sol poucas vezes na sua vida. Mas ela adorou. Quando levamos ela de volta para a enfermaria, ela chorou porque queria ficar mais lá fora", conta a médica Jussara Silva Lima, professora adjunta do Departamento de Pediatria da UFTM e coordenadora da Liga de Cuidados Paliativos em Pediatria. 

A mãe de Nicole acredita que o contato com o cãozinho Thor, do Corpo de Bombeiros, mudou a vida da filha. "Acho que isso tem que ser uma prática constante no hospital não só para a minha filha mas para as outras crianças que estão ali e também adultos que vivem na enfermaria de cuidados prolongados. Ela amou o encontro e o cãozinho também. Era para eles terem ficado juntos somente por meia hora, mas o encontro acabou durando uma hora. Logo após voltar para o quarto ela chorou porque queria ficar mais com o cachorro, mas durante todo o dia ela ficou diferente, cantarolando, feliz", conta Shirlene. Arquivo Pessoal Os pais acompanharam o encontro da pequena com o cãozinho Thor, do Corpo de Bombeiros 

Apesar de não formar palavras, devido também ao uso de uma traqueostomia, Nicole consegue vocalizar as suas reações e demonstrar o que sente por meio do semblante e do olhar. 

Segundo a professora Jussara, o encontro entre o cãozinho Thor e Nicole foi um experimento para ver se a prática iria dar certo e analisar a possibilidade de estender atividade às outras cinco crianças que moram na ala de cuidados prolongados. 

O cão

A missão de preparar um dos cães da corporação, acostumados às operações de busca e salvamento de pessoas desaparecidas, a simplesmente alegrar uma criança, pegou o Corpo de Bombeiros de surpresa. O comandante do canil da corporação em Uberaba, tenente Kaio Damacena, conta como foi o treinamento e porquê o cãozinho Thor, um Golden Retriever de 6 anos, foi o escolhido. 

"Há um tempo, recebemos a solicitação para executar este projeto no qual os cães iriam até o hospital participar de uma terapia na qual o público alvo seriam as crianças da ala de cuidados prolongados do hospital, até então, algo inédito para eles e também pra gente. Na última sexta feira, tivemos a visita de um profissional especialista nesta área para realizar os testes com os cães. 

Para este trabalho, o cão tem que ser dócil, tolerante a dor, de certa forma, para o caso de alguma criança, sem querer, puxar a orelha dele, por exemplo, e também não pode reagir de forma agressiva. Por isso, testamos as reações dos cães aos serem levantados do chão, por exemplo, ou ao escutarem um barulho perto deles. Thor passou em todos os testes e foi o cão mais indicado para o trabalho", conclui o militar. 
 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por