Crimes avançam em condomínios de luxo em Nova Lima

Renato Fonseca - Hoje em Dia
17/04/2015 às 06:24.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:40
 (Marcel Paluti/Divulgação)

(Marcel Paluti/Divulgação)

Passava das 20h da última terça-feira quando um casal de moradores do condomínio Vila Campestre, em Nova Lima, na Grande BH, viveu momentos de terror. Marido e esposa, ambos com 78 anos, foram rendidos por quatro homens armados, que invadiram a mansão. Joias, dinheiro, pertences pessoais e um carro foram levados pelo bando. Por sorte, ninguém se feriu. A polícia foi acionada, mas os autores ainda não foram localizado

O assalto remete à onda de violência capaz de romper a paz e a tranquilidade em residenciais de luxo da região, conforme o Hoje em Dia mostrou com exclusividade na edição de dessa quinta-feira (16). Desde janeiro do ano passado, 33 arrombamentos foram registrados, segundo dados da PM. Só em 2015 já são dez ocorrências. Os crimes estão concentrados em seis conjuntos: Vila Castela, Del Rey, Village Terrasse, Alpina, Vale dos Cristais e Vila Campestre.

Entre os moradores, o clima é de apreensão. Alguns, inclusive, mudaram a rotina, como evitar chegar sozinhos à noite e manter o imóvel lacrado, quando vazio. “Mudamos para cá em busca de segurança, mas a situação está complicada. Estou pensando em instalar câmeras e evitar que meus filhos fiquem sozinhos em casa”, destacou o antigo morador de um dos residenciais, que pediu para não ser identificado.
FALHAS

Tendo atuado por 35 anos na Polícia Civil, o ex-delegado Islande Batista, que chefiou o Departamento de Crimes Contra o Patrimônio, considera “extremamente elevado” o número de arrombamentos. Segundo ele, a prevenção a situações de risco deveria ser o foco da vigilância particular nesses locais.

O especialista em segurança reconhece a ousadia dos bandidos, mas garante os crimes despertam a atenção para falhas no sistema adotado. “Essa média deveria estar próxima de zero. Um caso ou outro até poderiam ser tolerados. Mas 33? Isso mostra, claramente, que as ações devem ser repensadas”, afirmou.

A reportagem entrou em contato com os seis condomínios citados. Três se manifestaram. Segundo a administração do Vila Campestre, após o assalto da última terça-feira, novas medidas foram tomadas imediatamente. Rondas e patrulhamento diários estão sendo feitos e novas câmeras de segurança serão adquiridas. A direção do residencial reclama da falta de presença da polícia no local.

No Residencial Nascentes, no Vale dos Cristais, o presidente da associação de moradores, Dalmo Lúcio Figueiredo, informou que a situação no espaço é mais tranquila. Lá, existem mais de 50 câmeras e 32 vigilantes. A Central de Monitoramento funciona em tempo real, 24 horas por dia. Já no Vila Castela uma reunião para tratar do assunto estava prevista para a noite .

Reforço da vigilância e novas câmeras de monitoramento

A suspeita é a de que a maioria das invasões tenha ocorrido pelos fundos dos condomínios em áreas cercadas pela mata da região. Trechos como o lado oposto da MG-30, proximidades do córrego do Mutuca e uma região conhecida como Trilha Perdidas seriam os locais de acesso.

O reforço da vigilância nesses pontos, a intensificação do patrulhamento interno e a instalação de novas câmeras de monitoramento são algumas das sugestões da Polícia Militar para enfrentar o problema. A corporação tem participado de reuniões frequentes com os condôminos.

“Reforçarmos a nossa atuação nos conjuntos e temos, sempre, que trabalhar em sintonia com os demais envolvidos”, afirma o tenente Fernandes, da 1ª Cia Independente da PM de Nova Lima.

Até o momento, segundo o oficial, apenas um homem com passagem pela polícia foi identificado. Dois menores, de Raposos, também chegaram a ser detidos após a identificação pelas câmeras de segurança.

Ele reforça que a PM trabalha de acordo com a base de boletins de ocorrência gerados por quem presta queixa. “Quem foi vítima deve procurar a polícia. Isso é fundamental. Somente assim, poderemos traçar as estratégias”. O tenente fez questão de lembrar que as pessoas com medo de aparecer podem acionar o Disque Denúncia, pelo telefone 181.


 

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