Uma mulher de 50 anos foi presa em Juiz de Fora, na Zona da Mata, na quinta-feira (5), realizando empréstimos com documentos de outras pessoas. Foi mais um caso de uma prática criminosa crescente, que aproveita da ingenuidade e a ambição das pessoas: o estelionato. Entre 2010 e 2011, os chamados “contos do vigário” avançaram 11% no Estado, segundo dados da Polícia Militar (PM). Foram 11.750 ocorrências no ano passado, ante 10.502 em 2010. A média de crimes chegou a 32, por dia, em Minas Gerais. Apesar do aumento no estado, a tendência foi inversa na capital, com redução de 7% nos registros. A polícia contabilizou, em Belo Horizonte, 6.837 golpes em 2010 e 6.411 no ano seguinte. No entanto, a quantidade pode ser maior, conforme a PM, uma vez que parte das vítimas não denuncia por vergonha. Segundo o assessor de comunicação da PM, major Gilmar Luciano Santos, há quem se sinta ainda mais constrangido ao registrar o crime de estelionato. A PM relaciona o aumento do número de casos no Estado à maior facilidade de acesso ao crédito e à ampliação da participação de idosos e jovens no mercado consumidor. Mais dinheiro em circulação, decorrente do crescimento da economia, informa Santos, potencializa os golpes. Para o chefe do Comando do Policiamento da Capital (CPC), coronel Rogério Andrade, a queda em Belo Horizonte pode ser atribuída à divulgação mais intensa das dicas de prevenção contra os golpes. Ele afirma que o crime de estelionato não está diretamente relacionado com o policiamento ostensivo. “Os números ainda são preocupantes. O estelionato é um crime complexo, onde há o envolvimento da vítima, seja pela simplicidade ou abuso de confiança e também pela ambição. Não existe dinheiro fácil. Por isso a necessidade da desconfiança da população e de se alertar a polícia nesses casos”, declara Andrade. Orientação Em Minas Gerais, o major Gilmar diz que também há pouco o que se fazer quanto à prevenção. A PM se restringe aos programas de orientação à população, em todos os batalhões espalhados pelo Estado, além do reforço de efetivo em áreas comerciais, especialmente em épocas de pagamento de salário, data preferida dos vigaristas para atacar. O próprio oficial da polícia já foi vítima de um caso de estelionato há dois anos, quando recebeu uma proposta falsa de doutorado na Alemanha e teve prejuízo de R$ 6 mil, junto com outros oito professores de uma faculdade de direito em Belo Horizonte.
“Os golpes são os mais diversos e se adequam a realidade do lugar e do alvo. Os estelionatários têm um raciocínio rápido, bom português e lábia e costumam estar bem vestidos. Criam uma situação fictícia de tal forma que conseguem enganar a vítima”, diz o major Gilmar.