Criminalista defende o adiamento do julgamento de "Bola" até conclusão de inquérito

Thaís Mota - Hoje em Dia
18/04/2013 às 17:40.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:57

Às vésperas do julgamento de Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", acusado de ser o executor da ex-modelo Eliza Samudio, o advogado criminalista Marco Meirelles defende o adiamento do júri até a conclusão de um inquérito policial que investiga a participação de outros dois ex-policiais no crime. "Como apareceram dois novos atores na cena do crime, o ideal seria que se suspendesse o julgamento, terminassem o inquérito que está em andamento e um novo júri fosse marcado, mantendo a prisão preventiva do 'Bola'". Meirelles fundamentou seu argumento no artigo 41 do Código de Processo Penal, que prevê a definição da exata participação de cada réu no crime, o que ainda gera dúvidas no caso em questão. O artigo prevê que: "A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas".   Segundo o criminalista, após os depoimentos do goleiro Bruno Fernandes e sua ex-mulher Dayanne Rodrigues, julgados em março deste ano, ficou quase certo que houve envolvimento de "Bola" no assassinado de Eliza Samudio. "Não há dúvida de que 'Bola' é um dos executores da Eliza, mas não se sabe se ele agiu sozinho e os outros dois apenas levaram a vítima até o local da execução, ou se todo o crime foi perpetrado pelos três", disse. E acrescentou: "Como farão um júri se não sabem se ele é o executor sozinho?", questionou.   No entanto, apesar de discordar do julgamento neste momento, Meirelles explicou que não há nada que impessa que "Bola" seja julgado agora e os ex-policiais José Laureano Assis, o "Zezé", e Gilson Costa, sentem no banco dos réus posteriormente, caso seja confirmado o envolvimento deles no crime. Porém, o criminalista acredita que a dúvida sobre a real participação de Marcos Aparecido dos Santos na morte de Eliza pode beneficiar sua defesa, que deve basear sua argumentação na falta de provas sobre a participação dele no homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver da ex-amante do goleiro Bruno.   Mas, mesmo que o réu seja favorecido de alguma forma, Meirelles acredita em sua condenação. De acordo com o advogado, a situação de "Bola" é bastante crítica, especialmente após ser incriminado pelo goleiro Bruno Fernandes. "Acho que a condenação é certa. Posso estar fazendo um julgamento precipitado e pessimista, mas diante das condenações que já houveram e da própria declaração de Bruno, acredito que ele será condenado também", disse.   Já a pena para o réu deve ser menor em comparação ao goleiro, que foi sentenciado em 22 anos e três meses. Conforme o advogado, não seria plausível que ele recebesse uma condenação maior, já que Bruno foi o mandante do crime. "Tecnicamente, 'Bola' é um réu primário. Mas se levarmos em consideração que a pena do Bruno foi pequena, pelo menos no meu entendimento e no do Ministério Público, 'Bola' poderia sim ser condenado a mais tempo de cadeia que o goleiro, que deve ter sua pena aumentada caso seja aprovado o recurso do promotor". 

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