Cura para Alzheimer desafia os cientistas

Hoje em Dia
22/09/2014 às 07:53.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:18
 (Divulgação)

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Degenerativo, incurável e cada vez mais comum. O Mal de Alzheimer, que desafia cientistas de todo o mundo, atinge hoje 44 milhões de pessoas e alcançará, em 2050, 115 milhões. Por isso, já é tratada como epidemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e considerada tão devastadora quanto a demência que causa nos idosos.

Mas avanços na pesquisa trazem esperanças de se poder detectar a patologia em estágios precoces e definir formas mais específicas de tratá-la. Pesquisadores da Clínica Mayo, entidade sem fins lucrativos que existe há 150 anos na Flórida (EUA), divulgaram recentemente os resultados de um amplo estudo com mais de 700 amostras de tecidos cerebrais de pacientes com Alzheimer ou outros distúrbios neurodegenerativos.

Nesta entrevista, a médica Minerva Carrasquillo, uma das participantes da pesquisa, explica o avanço da doença, lembrada este mês em todo o mundo, e novas ferramentas para combatê-la.

Por que é tão difícil encontrar uma droga que cure e previna a doença de Alzheimer – ou mesmo uma vacina?

A evidência obtida até hoje indica que a patologia se inicia com o acúmulo da proteína beta-amiloide, o que resulta em uma cascata de eventos que terminam com a destruição de neurônios essenciais para a preservação da memória e das funções cognitivas. Os tratamentos já desenvolvidos para reduzir o acúmulo dessa proteína apresentaram efeitos colaterais, mas temos feito progresso nas tentativas de eliminá-los. Quanto mais aprendemos sobre os fatores genéticos e ambientais que aumentam o risco de desenvolvimento da doença, mais aumentamos o armamento para combatê-la.

Em que medida a herança genética influencia na neurodegeneração?

Estudos epidemiológicos que compararam a relação do Alzheimer entre gêmeos idênticos (univitelinos) e gêmeos fraternos (bivitelinos) estimaram que o componente genético dessa doença oscila entre 58% e 79%. Mas também demonstraram que os fatores ambientais contribuem de forma significativa, e, por isso, devem ser estudados. Sabe-se ainda que a idade avançada aumenta a deterioração do cérebro, então pesquisas sobre fatores que influenciam na longevidade também podem contribuir para o desenvolvimento de tratamentos contra Alzheimer.

Pessoas que têm antecedentes familiares da doença de Alzheimer contam com alguma forma de prevenção?

Não.

O mercado oferece medicamentos para retardar a progressão da doença. Quais os resultados obtidos com essas drogas, considerando-se o alto custo delas?

Os medicamentos disponíveis atualmente apenas diminuem a progressão dos sintomas. Infelizmente, o benefício é, com frequência, imperceptível. Por isso há tanta urgência para se descobrir melhores tratamentos.

Qual a diferença entre o estudo recente da Clínica Mayo e outros realizados anteriormente?

Até pouco tempo atrás, a maioria das pesquisas se concentrava em genes ou em proteínas com funções relacionadas aos sintomas ou à patologia da doença. Nos últimos cinco anos, estudos do genoma identificaram 20 variantes associadas ao risco do desenvolvimento de Alzheimer. Nosso estudo se concentra em determinar se essas novas variantes causam mudanças na expressão genética no cérebro.

De que maneira esse estudo contribui para a possibilidade de se criar terapias eficazes?

Ele está facilitando a identificação dos genes associados à doença e nos guia para os mecanismos biológicos que contribuem para o mal. O desenvolvimento de tratamentos eficazes depende do conhecimento desses mecanismos biológicos.

Há alguma esperança a curto prazo?

Falar de cura tem sido muito difícil até agora. Porém, é preciso manter sempre a esperança. Milhares de cientistas em todo o mundo trabalham arduamente com esse objetivo em mente e, a cada dia, recebemos informações que nos levam para mais perto dessa meta.

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