Curvas do Othon são testemunhas da história de BH

Danilo Emerich - Hoje em Dia
18/05/2014 às 07:32.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:37
 (Flávio Tavares/Arquivo Hoje em Dia)

(Flávio Tavares/Arquivo Hoje em Dia)

Um verdadeiro “palácio” se impõe há 36 anos no coração de Belo Horizonte. Realezas, chefes de Estado e consagrados artistas já passaram por seus tapetes vermelhos e luxuosos quartos. Poucos sabem, mas este grandioso edifício, o Othon Palace Hotel, conta parte da história política e cultural da capital mineira.

Erguido em 1978 na avenida Afonso Pena, o prédio tem como jardim nada menos que o Parque Municipal. O Othon foi o primeiro hotel de luxo de Belo Horizonte, permanecendo como única hospedaria de alto padrão da capital por quase 20 anos.

A marcante e curvilínea construção é a personagem deste domingo (18) da série de reportagens do Hoje em Dia sobre edifícios icônicos de Belo Horizonte.

Badalado

Centenas de consagrados artistas, políticos e personalidades se hospedaram em um dos 296 quartos do Othon, distribuídos em 29 andares.

A passagem das celebridades e seus “autógrafos” estão registrados em três livros “ouro” que o gerente geral do Othon, Bruno Heleno, tem orgulho de mostrar.
 
As assinaturas e mensagens de músicos como Eric Clapton, Tom Jobim, Roberto Carlos e Chico Buarque, atletas, como Ayrton Senna, e personalidades, como a ex-primeira-dama francesa Danielle Mitterrand e o arquiteto Oscar Niemeyer, são alguns dos exemplos.

O maître Rui Palmeira Lage, de 64 anos, 35 deles trabalhando no hotel, já serviu boa parte desses hóspedes. Ele conta que teve o privilégio de atender ídolos, como Roberto Carlos. Rui queria um autógrafo, mas o profissionalismo impediu. “Mas foi uma honra”, conta.

Rui começou como copeiro no Othon, após trabalhar por quatro anos no extinto Hotel Del Rey. “Sinto saudade da época em que os hóspedes davam gorjetas”, brinca.

Decisões
 
O Othon também foi palco de reuniões políticas mineiras e nacionais. Foi em uma das 15 salas de eventos que João Figueiredo, último presidente do período do regime militar, tomou algumas de suas decisões. E com as celebridades, também há as exigências, como 200 velas aromáticas no banheiro, segundo o gerente geral Bruno Heleno, que não revelou de quem foi o pedido.
 
Obras de arte e restaurante valorizam o espaço

 
Como em todo palácio, o Othon conta com várias obras de arte. São 790 quadros, telas e serigrafias expostos nos corredores e quartos. O gerente geral, Bruno Heleno, não sabe ao certo o valor, mas estima que seja um acervo milionário. O destaque fica para duas peças de Burle Marx e uma de Ianelli no hall de entrada.
 
Outra atração da edificação é o restaurante no último andar. “Temos uma culinária internacional com um toque da cozinha mineira”, explica Bruno. Todo o glamour do espaço está aberto ao público, servindo almoço e jantar.

O restaurante também oferta uma das mais apreciadas feijoadas de BH, todos os sábados. “Artistas hospedados já se apresentaram de forma espontânea aqui, como Seu Jorge e Elba Ramalho”, conta o gerente.

“O restaurante foi um dos mais badalados da cidade, frequentado apenas pela elite da sociedade mineira. Além disso, a suíte presidencial é uma das maiores da cidade”, diz o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de BH, Paulo Cesar Pedrosa.

Ao todo, o Othon disponibiliza cinco tipos de quartos, com área que varia entre 30 metros quadrados, para os mais simples, e os 143 metros quadrados da suíte presidencial.

As diárias têm valores a partir de R$ 225. Atualmente, o hotel passa por uma grande reforma, com a troca de pisos, carpetes, móveis e pintura.

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