(Maurício Vieira)
O número de pichações registradas pela Guarda Municipal de Belo Horizonte no primeiro trimestre dobrou em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a março de 2018, 12 ocorrências haviam sido contabilizadas na capital. Nos últimos três meses, o número subiu para 24.
O flagrante mais recente aconteceu na madrugada do último domingo, na Praça da Liberdade, região Centro-Sul da capital. Câmeras de segurança captaram três adolescentes pichando prédios do cartão-postal e um deles foi apreendido pelos agentes da segurança municipal.
Segundo a corporação, de dezembro do ano passado até 8 de abril, dez casos de pichação foram registrados na mesma praça. Coordenador do Grupo de Estudos sobre Segurança Pública da PUC Minas, Luiz Flávio Sapori afirma que novas gangues de pichadores podem estar se formando em BH.
“Esses grupos priorizam locais de grande visibilidade, como os cartões-postais, porque é uma forma de se afirmarem diante dos próprios pares”, analisa Sapori. “Quanto mais audaciosos são, mais ganham prestígio junto a outros pichadores”, acrescenta o especialista.
Investigações
Hoje, a punição para quem é flagrado pichando patrimônio público é “branda”, de no máximo três anos de detenção, e dificilmente quem é preso cumpre a pena por completo. A avaliação é da delegada Carolina Bechelani.
Ela afirma que o maior esforço da Polícia Civil é identificar as associações criminosas nas quais esses pichadores se reúnem e se organizam.
“Só dessa forma é possível realizar uma repressão qualificada”, afirma.
O advogado Gustavo Chalfun, especialista em direito processual, explica que, em muitas ocasiões, nem mesmo os próprios pichadores têm consciência de que a prática é um crime previsto na lei ambiental. “A legislação precisava ser mais severa. Isso evitaria que tantos infratores repetissem a conduta inúmeras vezes”, aponta Chalfun. Guarda Municipal de BH/DivulgaçãoNo último domingo, três adolescentes foram flagrados pichando prédios da Praça da Liberdade
Patrulhamento
Por nota, a Guarda Municipal informou que mantém uma equipe de 13 agentes que vigia a Praça da Liberdade 24 horas do dia.
O espaço, segundo a corporação, conta ainda com duas motos e três viaturas, “que fazem rondas periódicas no local e nas demais praças e parques da Região Centro-Sul de Belo Horizonte”.
A Guarda informou, ainda, que o número de ocorrências de danos ao patrimônio na capital caiu no primeiro trimestre. Foram 125 registros em 2018 e 83 em 2019 – uma queda de 33%.