Degradação do Centro de BH faz comércio fechar as portas

Renato Fonseca - Hoje em Dia
11/12/2013 às 06:31.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:43
 (Carlos Rhienck/Hoje em Dia)

(Carlos Rhienck/Hoje em Dia)

Portas fechadas e anúncios com a placa de “aluga-se” grafados em letras garrafais ou em vermelho gritante. Basta uma simples caminhada, de poucos minutos, para constatar o impacto da degradação do Centro de Belo Horizonte em comércios de rua de pontos tradicionais do varejo. Imundície, insegurança, obras e a proliferação de ambulantes e usuários de drogas têm obrigado vários estabelecimentos a colocar um ponto final nas vendas.
  A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e a Associação dos Lojistas do Hipercentro não têm dados de lojas que encerraram as atividades, mas são unânimes em garantir que a deterioração do Centro causa prejuízos e reduz o número de consumidores dispostos a gastar. Desde a última segunda-feira, o
Hoje em Dia tem mostrado a situação de abandono da região mais movimentada da capital.

Trabalhando há 14 anos em uma loja que vende bicicletas, peças e acessórios, o gerente Carlos Alberto da Silva, de 39 anos, disse que o local teve uma redução de mais de 30% nas vendas, após o fechamento da avenida Santos Dumont para as obras do BRT. Segundo ele, o estabelecimento sempre contrata temporários para o Natal, o que não ocorre neste ano. “São muitos problemas que enfrentamos, como o policiamento, que deveria ser constante durante todo o ano, mas só é reforçado agora neste período natalino”, disse.

Para o presidente da CDL/BH, Bruno Falci, os problemas são recorrentes e é preciso repensar uma completa revitalização do espaço. “É necessário um projeto estratégico, com ações bem pensadas e planejadas para devolver ao Centro a importância que detinha na cidade”, afirmou Falci, que completou: “A fiscalização tem que ser constante. Policiamento é indispensável, mas a Justiça também precisa colaborar e punir os infratores”.
Rotatividade
A mesma opinião tem o comerciante Pedro Bacha, que esteve à frente da Associação dos Lojistas nos últimos oito anos. “Todos os dias temos notícias de lojas fechadas. Em seguida, alguém aluga o espaço. A rotatividade é grande, mas não há garantia de que os negócios darão certo”.

Responsável pela fiscalização na região, a regional Centro-Sul garante que tem tentando coibir a ação de ambulantes. Porém, muitas vezes é possível burlar a legislação devido a uma liminar expedida pela Justiça, que autoriza o trabalho na região.

“Os artesãos são protegidos por meio desta liminar, que os autoriza trabalhar na região. Porém, na prática, o fiscal, muitas vezes, fica impedido de agir. Uma pessoa vendendo roupa de cachorro, por exemplo, pode falar que o material foi produzido por ela, ou seja, fica caracterizado como artesanato e nada pode ser feito”, disse o secretário da regional Centro-Sul, Ricardo Angelo.

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