Demora no trajeto, atrasos e valor alto das tarifas levam passageiros para o transporte particular

Raul Mariano
rmariano@hojeemdia.com.br
29/05/2017 às 19:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:46

Paulo, Felipe e Bruno atravessam Belo Horizonte todos os dias para trabalhar. O primeiro vai de carro, o segundo de moto e o terceiro, bicicleta. Apesar da diferença no meio de transporte escolhido, eles têm um ponto em comum: se recusam a andar de ônibus por conta da demora no trajeto, atraso nos horários informados oficialmente, direção ofensiva dos motoristas e o alto preço das passagens, dentre outras justificativas. Os três jovens, inclusive, retratam um fenômeno crescente de usuários que têm trocado o transporte coletivo pelo particular na capital mineira.

Levantamentos recentes comprovam a mudança. De acordo com a BHTrans, pelo menos 7,2 milhões de pessoas deixaram de andar de ônibus na cidade no primeiro trimestre deste ano frente ao mesmo período de 2016.

Nos últimos cinco anos, conforme o órgão, verificou-se tendência de queda no número de passageiros transportados: foram 465 milhões em 2011 contra 408 milhões no ano passado. Lucas Prates

O autônomo Bruno Dâmaso diz que o tráfego fora das pistas do Move é muito pesado

A má prestação de serviços também motivou a aplicação de multas nas concessionárias de transporte coletivo em Belo Horizonte. Em 2016, foram 25.671 penalidades, com destaque para a não realização da viagem (15.721 registros), atrasos (1.850) e padronização interna do veículo em desacordo com o estabelecido (1.135).

Redução

Dados da pesquisa “Problemas e Desafios da Mobilidade Urbana”, desenvolvida pelo professor em segurança no Trânsito Marcos Vinicius da Silva, mestre em Saúde e Violência no Trânsito pela Faculdade de Medicina da UFMG, também apontam retração. Em 2002, conforme o estudo, 45% dos deslocamentos de pessoas em Belo Horizonte eram por meio de transporte coletivo e 26%, por particular. 

Dez anos depois, o panorama se inverteu. O deslocamento por transporte coletivo reduziu para 28% em 2012, enquanto o meio particular teve um aumento para 37% no mesmo ano. 

“Isso retrata um transporte público cheio de deficiências. Falta respeito ao usuário, nas paradas para embarque e desembarque, no cumprimento do itinerário. A soma desses direitos perdidos e o descontentamento da população gera essas esse tipo de consequência”, explica Marcos Silva.Lucas PratesEm BH há seis anos, o engenheiro civil Paulo Silva conta que andou de ônibus só três vezes

Crise

Consultor em transporte e trânsito, Osias Baptista Neto destaca que a inauguração do Move nas avenidas Cristiano Machado e Antônio Carlos, na capital mineira, melhorou a situação dos passageiros na cidade. 

No entanto, ele afirma que a crise econômica contribuiu para a queda no número de pessoas transportadas pelo sistema. “Muita delas pararam de usar os ônibus por estarem desempregadas. Hoje, a redução do número de viagens é um impacto direto da crise econômica”, avalia o especialista.Editoria de Arte

  

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