Denúncias de focos da dengue feitas por moradores de BH crescem mais de 90%

Lucas Eduardo Soares
06/05/2019 às 19:55.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:32
 (RIVA MOREIRA)

(RIVA MOREIRA)

O medo de se tornar uma vítima da dengue tem levado os moradores da capital a vigiar com mais atenção espaços tomados por entulhos, capazes de acumular água parada e favorecer a proliferação do mosquito transmissor da doença. As denúncias de focos e criadouros do Aedes aegypti cresceram 92% em apenas quatro meses. Foram 2.924 registros, de janeiro a abril deste ano, contra 1.521 no mesmo período de 2018.

Os dados são da Prefeitura de Belo Horizonte. A própria administração municipal garante que o aumento reflete o receio das pessoas diante dos números epidemiológicos. Até o momento, são mais de 7,7 mil confirmações da enfermidade. Outros 24 mil casos estão sob investigação.

Quem convive com o risco reforça a importância de listar lotes, terrenos, praças e até calçadas que tenham lixo, garrafas, sacolas, pneus e embalagens plásticas. Morador do bairro Serra Verde, em Venda Nova, William Rodrigues, de 77 anos, é vizinho de um bota-fora na avenida Coronel Manoel Assunção. 

“Sempre ligo no 156 e falo da situação. A prefeitura vem e limpa. Mas o lixo é depositado logo em seguida. Precisamos nos unir para que isso não seja prejudicial à nossa saúde”, diz o aposentado, observado a sujeira na via. “É muito triste, dá medo”.

A poucos metros dali, na mesma via, a costureira Elisangela Torres, de 45 anos, passa perrengue com um cenário semelhante. Em uma esquina, ela mostra o amontoado de materiais propícios de reter água. “É muito desagradável. Além de aumentar os animais peçonhentos, ficamos vulneráveis à dengue. Fico preocupada”, afirma a mulher, que também já fez contato com a PBH. “Minha vizinha ficou internada por conta da doença. Sem dúvidas, isso tem ligação com esse entulho”, diz.

Por dia, na capital mineira, são registradas 24 solicitações para a prevenção e controle de focos de dengue

Proprietário de uma oficina bem ao lado do aglomerado de pneus, vasos sanitários e outros objetos descartados no local, Vilmar Brainer, de 56, diz que a situação existe há pelo menos dez anos. “Desde então, a vizinhança convive com o aumento de ratos, baratas, mosquitos. Além do mau cheiro, é claro”, diz o homem. De acordo com ele, pessoas de outros bairros vão até lá para jogar o lixo na via. “Param o carro, descarregam e saem logo em seguida”, lamenta.

Gerente de operações de campo da Zoonoses de Belo Horizonte, Cláudia Capistrano diz que as denúncias são importantes para ajudar na elaboração de medidas a serem adotadas. “É um fator positivo, pois a população ajuda na fiscalização. Ela vê uma situação que chama a atenção e aciona o órgão competente”, afirma.RIVA MOREIRAWilliam Rodrigues também reclama do lixo despejado na avenida Coronel Manoel Assunção

Demanda

Para o secretário municipal adjunto de Planejamento, Orçamento e Gestão de BH, Jean Mattos, a reação dos moradores da capital dá condições de a prefeitura atuar em mais locais. “A população está mais consciente de que existe um canal da PBH para poder denunciar”, afirma Mattos, que ainda acrescentou: “Precisamos, de fato, criar uma rede de proteção, em que todos se ajudam e auxiliam na adoção de medidas protetivas”.

De janeiro a abril deste ano, 32 mil notificações prováveis de dengue (casos confirmados e suspeitos) foram registradas em BH

Pela internet ou pessoalmente

Para denunciar os focos de dengue ou mesmo outras irregularidades, os belo-horizontinos podem entrar em contato com a administração municipal pela internet (portaldeserviços.pbh.gov.br), telefone (156), aplicativo (PBH APP), BH Resolve (rua dos Caetés, 342 – Centro) ou nas regionais da metrópole. Todas as demandas são analisadas separadamente. 

Quem faz a denúncia recebe um protocolo para acompanhar o andamento da solicitação. O prazo para uma possível solução varia conforme o serviço. O tempo médio para responder aos casos de focos de dengue, no entanto, não foi informado.

Em nota, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) disse que os locais listados no bairro Serra Verde são “pontos críticos de deposição clandestina de lixo”. O órgão garante fazer a limpeza, em média, quatro vezes por semana. Uma ação mais completa, com o uso de pá carregadeira, é realizada a cada 15 dias. A medida será tomada, novamente, amanhã. Nos locais, a coleta domiciliar ocorre às terças, quintas e sábados à noite. Campanha educativas já foram feitas e a SLU pede colaboração das pessoas.

Reclamações podem ser feitas pelo telefone 156, no site da prefeitura, aplicativo PBH APP ou nas regionais e BH Resolve (rua dos Caetés, 342 – Centro)

Lotes vagos

Recentemente, o Hoje em Dia mostrou que sete em cada dez lotes vagos vistoriados por fiscais da capital colocam a saúde da população em risco devido ao acúmulo de lixo. Até abril deste ano, 3.803 fiscalizações foram feitas em terrenos da metrópole e 2.778 irregularidades foram constatadas. A lei obriga o proprietário a manter o local limpo e cercado.

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