Depois de avanço nos últimos meses, obras na BR-381 devem desacelerar

Raul Mariano e Simon Nascimento
horizontes@hojeemdia.com.br
11/10/2018 às 21:12.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:56
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

O ritmo das obras na BR-381, que liga Belo Horizonte a Governador Valadares, no Leste de Minas, deve se tornar mais lento. Nos últimos meses, algumas intervenções melhoraram o traçado da estrada, mas, agora, apenas dois dos 11 lotes em que o projeto de duplicação foi dividido estão com trabalhos em andamento.

Não bastasse a proximidade do período chuvoso, que se inicia na segunda quinzena de outubro, funcionários da Empresa Construtora Brasil (EBC), responsável pelo projeto, informaram à reportagem que a empreiteira está abandonando a obra entre Caeté e Barão de Cocais, na região Central. O motivo seria a falta de pagamento pelo serviço.

Além disso, o método de execução da intervenção gera incômodos à população. A obra tem acontecido de maneira intercalada, o que resulta em trechos com construções inacabadas que já estão sendo utilizadas por motoristas que trafegam na estrada.

Um exemplo está no viaduto erguido entre Caeté e Nova União, logo após a entrada da Serra da Piedade. Duas pistas de tráfego simples com a nova pavimentação, à base de concreto, foram entregues nos dois sentidos. Porém, os acessos laterais do elevado ainda estão na terra. Outro problema é que os veículos alternam entre o asfalto já reformado e o que requer manutenção.

Na última quarta-feira, o Hoje em Dia percorreu 70 quilômetros entre Caeté e o trevo de Itabira. Por lá, a previsão do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), em maio, era de concluir os trabalhos em dezembro de 2019.

Especialista em trânsito e transporte, Silvestre de Andrade Filho diz que a forma como a obra está subdividida atrapalha ainda mais o fluxo porque obriga o motorista a passar por trechos arriscados. “Causa atrasos, além do perigo de movimentação das máquinas e trabalhadores. Não é apenas um desconforto enorme, mas uma questão de segurança que ainda prejudica a logística”.

O Dnit e a ECB foram questionados sobre a paralisação das obras por falta de pagamentos, mas não se manifestaram até o fechamento desta edição

Prejuízos

Quem assiste, há anos, o desenrolar das obras às margens da BR-381 reclama dos transtornos causados pelo projeto. Na região entre Bom Jesus do Amparo e Itabira, tratores fazem o desaterramento das pistas para a duplicação, mas sem previsão de término. Dono de um restaurante nas imediações, Pedro Moreira, de 55 anos, reclama de prejuízos.

“Os carros têm dificuldade para parar aqui, caminhão já não vem. É uma obra necessária, mas, enquanto não termina, meu movimento só despenca. Estou deixando de arrecadar cerca de R$ 30 mil por mês”, lamenta.

Mais entraves

As desapropriações de imóveis às margens da BR-381 também travam o desenrolar das obras. É o caso da família de Edirlane Freitas, de 37 anos, que tem um restaurante próximo ao trevo de Caeté, na Grande BH. 

O estabelecimento funciona há 30 anos no local e, agora, precisa ser fechado para os trabalhos de pavimentação do viaduto entre a cidade e Nova União, já na região Central.

Edirlane relata que o pai participou de uma audiência na Justiça há cinco meses, mas não houve consenso. “Eles disseram que não iam nos indenizar, e meu pai não concordou. Desde então não nos procuraram mais. Não achamos justo entregar nossa fonte de renda sem receber nada em troca”, contou a mulher.

Já próximo ao trevo de Itabira, é uma madeireira que precisa deixar o imóvel para a continuidade das obras na rodovia.

Funcionários da empresa disseram que o proprietário está negociando a desocupação. A reportagem tentou contato com o empresário, mas ele não foi localizado e o advogado não atendeu às ligações.

Desde 2014

O imbróglio envolvendo as etapas da duplicação da BR-381 não é recente. A execução das obras vem enfrentando empecilhos desde 2014.

Uma das empresas que integrou o consórcio vencedor da licitação para executar as intervenções em quatro lotes da rodovia foi alvo de denúncias na operação “Lava Jato” por envolvimento em corrupção. O processo culminou na investigação de cinco integrantes da construtora e na condenação de ex-funcionários.

Para os belo-horizontinos também não há previsão de melhorias. A licitação do trecho entre a capital e Caeté sequer saiu do papel. </CW>
Foram duas tentativas frustradas para a contratação de interessados em executar as obras no lote 8, mas ainda não há qualquer expectativa para o início das intervenções.Editoria de Arte

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