Detidos em protesto contra aumento de passagem são fichados e liberados

Hoje em Dia*
13/08/2015 às 08:15.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:20
 (Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

A Polícia Militar informou que os 62 manifestantes presos durante o protesto realizado no Centro de Belo Horizonte foram fichados na madrugada desta quinta-feira (13) e liberados. Os movimentos Tarifa Zero e Passe Livre BH (MPL-BH), que organizaram o ato contra o aumento das tarifas de ônibus, confirmaram a soltura dos manifestantes.   Conforme a PM, houve acordo entre o comandante da corporação, o Secretário Estadual de Direito Humanos Nilmário Miranda, o deputado Rogério Corrêa e o delegado de Plantão da Central de Flagrantes (Ceflan) para a liberação, uma vez que a delegacia não teria estrutura para receber os detidos.   Pelas redes sociais, representantes do Tarifa Zero lamentaram a detenção dos manifestantes. "Apesar da covardia que assistimos esta noite, anunciamos que continuamos nas ruas. O ato desta quarta contou com milhares de manifestantes e vamos dobrar no próximo. Nossa luta é contra o aumento ilegal das passagens e não é nenhum crime denunciar as mentiras usadas pela prefeitura para garantir o aumento para os empresários", publicaram.   A Polícia Civil informou que os registros de ocorrências (REDS) ainda não foram concluídos. Mas após o procedimento, os envolvidos vão ser intimados a prestar esclarecimentos na 4ª Delegacia do Centro. Dois adolescentes que foram conduzidos para a Delegacia de Orientação e Proteção à Criança e Adolescente (Dopcad). Um procedimento investigativo para apurar a conduto dos menores foi aberto.   Durante o protesto, realizado na noite de quarta-feira (12) na Praça 7, houve uso de força pela PM. Bombas de gás lacrimogênio e balas de borrachas foram disparados e algumas pessoas ficaram feridas. Por meio de nota, o Governo de Minas lamentou a confusão e determinou uma apuração rigorosa dos fatos. “A Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania está acompanhando os desdobramentos do conflito e participará diretamente da investigação a ser feita pelos órgãos competentes, incluindo a escuta livre de todos os envolvidos e a perícia das imagens obtidas pela imprensa e nas câmeras de vigilância”.

Assista ao momento em que a PM dispersou os manifestantes com as bombas:

Truculência   Os manifestantes denunciaram que a PM agiu de forma truculenta, uma vez que o protesto acontecia de forma pacífica. Integrantes do protesto relataram que a confusão começou após negociarem com policiais a liberação de uma faixa da via. Militares dispararam balas de borracha, bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo contra os manifestantes. Várias pessoas ficaram feridas, entre elas o repórter-fotográfico Denilton Dias, do jornal “O Tempo”, que foi atingido por um disparo de bala de borracha.   A ação foi considerada “gratuita e violenta” pelos participantes do ato. A versão é confirmada por diversos vídeos que circularam pelas redes sociais e também por relatos de moradores e comerciantes.   Após a investida da PM, houve correria na rua da Bahia e dezenas de pessoas buscaram refúgio no Hotel Sol. Por solicitação dos donos do empreendimento, policiais entraram no local e detiveram cerca de 100 pessoas.  

Segundo o tenente-coronel Gianfranco Caiafa, não houve o uso exagerado de força, mas uma reação à agressão iniciada pelos manifestantes, que teriam atirado pedras. Uma acertou o próprio policial. De acordo com ele, só foram presos os que se identificaram como manifestantes e por depredação ao patrimônio particular.   O protesto foi convocado pelas redes sociais e contou com a presença de 5 mil pessoas, conforme os organizadores, e 400, segundo a PM.  

Confira vídeos do protesto no começo da noite na região central de BH:(function(d, s, id) { var js, fjs = d.getElementsByTagName(s)[0]; if (d.getElementById(id)) return; js = d.createElement(s); js.id = id; js.src = "//connect.facebook.net/pt_BR/sdk.js#xfbml=1&version=v2.3"; fjs.parentNode.insertBefore(js, fjs);}(document, 'script', 'facebook-jssdk'));

[AGORA] FORÇAS DE REPRESSÃO ATACAM MANIFESTAÇÃO PACÍFICA EM BE... BH - MANIFESTAÇÕES CONTRA O AUMENTO DA PASSAGEMPMMG espalha o caos pelo centro de Belo Horizonte durante manifestação contra o aumento das passagens de ônibus, que seguia pacífica. 12/08/15 Posted by Mariachi on Quarta, 12 de agosto de 2015

Reajuste   O reajuste autorizado pelo Executivo foi de 9,68%. Os valores das tarifas dos ônibus e das linhas integradas ao metrô subiram de R$ 3,10 para R$ 3,40. Os circulares saltaram de R$ 2,20 para R$ 2,45. Os transportes das linhas curtas e longas passaram a custar R$ 5,15 e R$ 6,40, respectivamente. Já pela corrida do táxi-lotação, o passageiro agora paga R$ 3,75, valor que antes era R$ 3,40.  As tarifas dos suplementares variam de R$ 2,45 a R$ 3,40, dependendo da linha.    Briga na Justiça   A liminar que suspendia o reajuste foi cassada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais no início da noite de sexta-feira (7). O aumento das tarifas de ônibus e táxi-lotação foi publicado no dia 31 de julho no Diário Oficial do Município (DOM). A previsão era de que o novo valor entraria em vigor a partir do dia 4 de agosto. No entanto, a Defensoria Pública entrou com um recurso no mesmo dia da divulgação dos novos valores e o reajuste foi suspenso pela 4ª Vara da Fazenda Pública Municipal.   Na ocasião, a Defensoria pediu 180 dias de suspensão até que fossem verificados os custos operacionais do sistema. Durante a semana, a Prefeitura de Belo Horizonte entrou com recurso para garantir o aumento tarifário.   Nova tentativa   A Defensoria Pública de Minas Gerais protocolou nessa terça-feira (11) uma nova Ação Civil Pública (ACP), com pedido de liminar, suspendendo o aumento das passagens de ônibus em Belo Horizonte.    Na ação, a defensoria questiona as divergências presente nos estudos que apontam redução no número de passageiros, prejuízo com a não finalização do projeto do Move e elevado custo de manutenção do serviço.   A ação, que será analisada pela 4ª Vara de Fazenda Pública Municipal, pede ainda que seja feita uma auditoria contábil, econômica, fiscal e financeira nas empresas de transporte público da capital. Entretanto, não há prazo para que seja julgado o pedido da liminar suspendendo o aumento.   *Com informações de Danilo Emerich e Aline Louise

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