Dia do nutricionista: como fazer uma dieta mais saudável para o planeta

Cinthya Oliveira
30/08/2019 às 15:51.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:18
 (Pixabay)

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No momento em que o mundo volta seus olhos para as queimadas na Amazônia e todas ações humanas que contribuem para a ampliação do aquecimento global, muitos devem estar se perguntando: o que eu posso fazer beneficiar o meio ambiente e ajudar o Planeta Terra? Saiba que não é tão difícil assim. Mudanças nos hábitos alimentares já podem fazer uma boa diferença.

Lembrando o Dia do Nutricionista – que é comemorado no Brasil no dia 31 de agosto –, o Hoje em Dia conversou com duas nutricionistas sobre como a alimentação tem relação direta com questões ambientais, como preservação de florestas, emissão de gases e produção de lixo.

Confira algumas recomendações das nutricionistas Natália de Carvalho Teixeira e Laila Gonçalves Rezende sobre quais mudanças na dieta podem contribuir para um mundo mais sustentável:

Diminua o consumo de carnes, especialmente bovina

A criação de animais provoca um grande impacto em todo o meio ambiente, especialmente no Brasil. “Além de pensar que esses animais fazem parte do meio ambiente e um consumo exagerado de carne pode ser um desrespeito com eles mesmos, devemos lembrar que muito desmatamento é feito para a criação de gado e para produção de grãos que serão usados na alimentação dos animais, algo que consome muita água e utiliza agrotóxicos”, afirma a coordenadora do curso de Nutrição das Faculdades Kennedy, em Belo Horizonte, Natália de Carvalho Teixeira.

Segundo ela, quem se preocupa com o meio ambiente pode reduzir o consumo de carnes em algumas refeições da semana – não somente no bife do almoço, mas também nos lanches, sanduíches e salgados. “Não precisa de radicalismo, não precisamos ter toda a população vegana. Mas a redução do consumo de alimentos de origem animal é algo extremamente importante”.

 Evite desperdício dos alimentos, use-os de forma integral

De acordo com Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 30% de todos os alimentos produzidos no mundo são desperdiçados ao longo da cadeia produtiva – da colheita até a mesa do consumidor final. “Esse é um problema ambiental porque a produção de alimentos é muito onerosa para o meio ambiente, pois usa terras agricultáveis, água potável, produz gases que contribuem para o efeito estufa. Em vez de focarmos em qual alimentos devemos deixar de comer, primeiramente temos que falar do desperdício”, afirma Laila Carline Gonçalves Rezende, que é professora da disciplina Meio Ambiente e Sustentabilidade no curso de Gastronomia da Faculdade Promove.

“Trabalho com meus alunos o aproveitamento integral dos alimentos, ensinando a utilização de forma correta das cascas. Por causa dos agrotóxicos, não são todos os alimentos em que é possível usar de forma integral”, explica a professora. Mas é possível minimizar os riscos do consumo de alimentos com agrotóxicos.

Desembalar menos, descascar mais

Quem se preocupa com o meio ambiente deve evitar os alimentos ultraprocessados, pois estes sempre são vendidos em embalagens. “Existe um slogan na nutrição: desembalar menos, descascar mais. Ou seja, todos devem priorizar os alimentos in natura. Reduzir os ultraprocessados significa ter mais saúde e produzir menos lixo”, explica.

Vale evitar, especialmente, aquelas frutas já descascadas vendidas no supermercado, para facilitar a vida. “Elas são vendidas em embalagens de isopor e plástico. Então, aquele alimento que todos esperavam não gerar resíduo acaba levando para o lixo um resíduo ruim para o meio ambiente”.

Palavra da especialista:

Confira o áudio da coordenadora do curso de Nutrição das Faculdades Kennedy, Natália de Carvalho Teixeira:

Compre produtos da agricultura familiar, sustentável ou orgânica

A agricultura tradicional, que produz alimentos em larga escala, costuma utilizar fertilizantes químicos, agrotóxicos e grande volume de água. Já as pequenas plantações, normalmente feitas por mão de obra familiar, têm a produção mais natural, que não agride o meio ambiente. Normalmente, são alimentos que recebem o selo de orgânicos.

“Alimentos da agricultura tradicional devem ser evitados. Deveríamos preferir os orgânicos para promover uma melhoria no meio ambiente”, explica Natália.

Já Laila reforça a importância das pesquisas nas áreas de agricultura que promovem a eficiência da produção, ou seja, trabalhando alternativas que usem menos terras, água potável e agrotóxicos. “É possível haver uma melhor produtividade nas culturas, temos que desenvolver ainda mais tecnologia para isso”, complementa.

As duas sugerem aos leitores que busquem as pequenas feiras livres, que normalmente contemplam apenas pequenos produtores. Veja aqui o cronograma das feiras em BH.PBH/Divulgação / N/A

Nas feiras livres de BH, é possível encontrar alimentos produzidos de maneira sustentável

Evite alimentos geneticamente modificados

Para aumentar a eficiência das culturas, pesquisadores investiram muito nos melhoramentos genéticos de alimentos nos últimos anos. Mas isso também provoca um impacto no meio ambiente. “Isso faz com que haja uma redução da biodiversidade, pois há uma concentração na produção somente dessas espécies. Por exemplo: há várias espécies de maçãs, mas só consumimos algumas delas”, explica Natália.

Nessa lista, entram ainda os alimentos transgênicos (geneticamente modificados), tecnologia usada especialmente na produção de grãos, como soja, milho e trigo.

Além de evitar esses alimentos produzidos em alta escala, Natália recomenda às pessoas que saiam da monotonia, que apostem mais na variação dos alimentos presentes na dieta. Vale apostar especialmente naquelas frutas, verduras e legumes produzidos artesanalmente, no quintal de casa.

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