Diagnóstico precoce de déficit de atenção camufla ensino desinteressante

Gabriela Sales
26/09/2015 às 09:07.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:51

Diferenciar o que é uma dificuldade de aprendizagem de um transtorno de atenção ou até mesmo uma hiperatividade é o desafio dos educadores. Tem sido cada dia mais comum o encaminhamento de alunos para psicólogos e médicos com o intuito de diagnosticar problemas de atenção, no entanto, a causa da inquietação ou da prostração dos estudantes pode estar ligada à pouca atratividade da aula.   Uma alternativa, na avaliação de especialistas, é inovar a metodologia de ensino para despertar o interesse de crianças e adolescentes, hoje mais conectados e interativos.   “A metodologia de ensino deve incitar o questionamento e a participação efetiva do estudante”, afirma o doutor em letras e literatura da Universidade Federal de Santa Catarina, Geraldo Almeida.   O educador irá comandar uma palestra sobre este tema hoje e amanhã na Educativa 2015 – Feira Nacional de Produtos e Serviços Educacionais e Encontro Internacional de Educação, que acontece no Minascentro, em Belo Horizonte.   Recorrer a um diagnóstico de déficit de atenção (TDA) ou hiperatividade deve ser o último recurso. “Antes de encaminhar esses jovens para algum tipo de tratamento medicamentoso, com ritalina, por exemplo, é preciso que os educadores avaliem a real necessidade desses alunos. É preciso verificar se o método de ensino empenhado pela escola tem deficiências que dificultam ainda mais o entendimento”, reforça Almeida.   Ele esclarece que os professores precisam diferenciar o grau de dificuldade vivido por cada estudante. “Não existe um aluno padrão. O professor tem o dever de ter a sensibilidade para detectar problemas que podem estar relacionados a questões depressivas, de socialização e até familiares. O consultório médico é o último estágio”.   Diagnóstico   Há dois anos, a agitação do estudante João Paulo de Oliveira, de 16 anos, teve um diagnóstico: superdotado. Com facilidade de aprendizado, o adolescente tinha histórico de “tumultuar” a rotina dos colegas em sala de aula. “O João aprende rápido e não consegue ficar quieto. Ele conversava, brincava, queria ser o centro das atenções. No início achávamos que se tratava de déficit de atenção”, conta a empresária Magna Alves de Oliveira.   Após várias visitas ao neuropediatra e acompanhamentos com psicopedagogos, Magna soube o real diagnóstico do filho. “A escola teve um papel fundamental nesse resultado. As atividades extraclasse motivaram ainda mais o aprendizado do João”.   Por causa da facilidade em aprender, João Paulo ganhou um papel importante na turma do ensino médio. “Ajudo meus colegas que estão com dificuldade nas matérias. Eu tenho necessidade de compartilhar o que aprendo e a escola me estimula a ensinar”, conta.   Inteligência múltipla   O pedagogo e consultor educacional Guilherme José Barbosa reforça que a metodologia de ensino aplicada nas escolas deve considerar a chamada inteligência múltipla dos estudantes. “As escolas precisam investir em atividades que incentivam a pesquisa, questionamentos e a criatividade, principalmente em grupos”.   Barbosa ressalta que não basta oferecer a tecnologia. “Torná-la atrativa através do ensino é o diferencial que deve ser buscado pelo educador”, complementa o consultor.

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