Dinheiro em espécie e mercadorias de fácil revenda atraem assaltantes

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
23/04/2015 às 06:14.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:44
 (Carlos Henrique/Hoje em Dia)

(Carlos Henrique/Hoje em Dia)

A onda de assaltos a estabelecimentos e clientes da região Centro-Sul de Belo Horizonte preocupa e causa prejuízos aos comerciantes. Somente uma padaria do bairro Santa Lúcia foi invadida por criminosos 17 vezes, nos últimos três anos. O dono, cansado da violência e temendo novos episódios, está decidido a fechar as portas e deixar a capital.

O último roubo – o mais grave, até o momento – aconteceu no domingo de Páscoa. Bandidos invadiram a loja por meio de um buraco feito no estabelecimento ao lado, roubaram cofre, bebidas, frios, todo o estoque de cigarros e equipamentos eletrônicos. O prejuízo calculado foi de R$ 20 mil.

“Tive que contratar um segurança, mas ele não fica armado. Foi mais para não falar que não tinha ninguém. Agora, eu estou desistindo da padaria, da cidade, de tudo”, diz o empresário, que prefere não ser identificado.

Risco constante

Não muito distante, no bairro São Bento, o gerente de outra padaria conta que nunca teve problemas dentro do estabelecimento, mas que, na rua, os roubos são frequentes.

Segundo o funcionário, que também não quer ter o nome revelado, a ação dos criminosos acontece, principalmente, nos veículos estacionados nas imediações do comércio. O carro da loja já foi danificado e um aparelho GPS, furtado.

“Todo dia tem um caso aqui. Já aconteceu de o cliente deixar o carro estacionado por cinco minutos para vir à loja e ter o carro arrombado”, conta.

Outros empregados da padaria tiveram o mesmo problema e a estratégia adotada é a de só estacionar em frente ao estabelecimento, equipado com câmeras de segurança. “Fico meia hora rodando em busca de uma vaga, mas só paro aqui em frente, para não correr risco”, revela o gerente.

Visadas

A entrada constante de dinheiro e a preferência por pagamento em espécie parece ser o atrativo maior das padarias. Em outra, no bairro Luxemburgo, a nova administração vivenciou momentos tensos durante um assalto, em março. Um homem armado entrou no local e rendeu uma funcionária pouco antes de ela começar a efetuar o pagamento dos empregados.

A suspeita do gerente da loja é de que a ação tenha sido planejada. “Foram levados R$ 26 mil. O homem chegou procurando pelo dinheiro. Falta policiamento aqui. Os policiais não vêm nem para tomar café”, lamenta o gerente.

A Polícia Militar foi procurada para comentar a onda de violência na região. A orientação dada à reportagem do Hoje em Dia foi para procurar o Comando de Policiamento da Capital que, por sua vez, repassou a responsabilidade para o 22º Batalhão, que pediu à equipe para enviar um e-mail. Até o fechamento desta edição, porém, ninguém havia se manifestado.

WhatsApp pode integrar medidas de segurança

Para reduzir o risco de assaltos, alguns lojistas de Belo Horizonte estão se mobilizando por meio de Redes de Comerciantes Protegidos, que consiste na troca de informações por meio do WhatsApp. O resultado da medida foi uma queda de 20% nos crimes na região da Savassi e no bairro de Lourdes, na região Centro-Sul.

Nos bairros em que as padarias têm sido alvos constantes, como Santa Lúcia, São Bento e Luxemburgo, os empresários não estão articulados da mesma maneira, o que pode contribuir com a vulnerabilidade dos estabelecimentos.

O gerente de um sacolão próximo à padaria recordista de assaltos no Santa Lúcia conta que a loja está integrada à rede de vizinhos do bairro. A iniciativa foi de um cliente.

“Funcionamos neste endereço há 24 anos e nunca fomos assaltados. Pode ser, também, porque há muitos homens trabalhando aqui, enquanto na padaria a maioria é mulher”, considera o funcionário, que pediu anonimato.

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